... E O HOMEM CRIOU DEUS!

Um dia a paz reinava no mundo e tudo era belo e silencioso.



Deus criou o homem e ficou feliz.

Ele com a sua sabedoria, encantou as florestas com os pássaros para entoar nossos ouvidos com suas melodias; vislumbrou as montanhas com rios e cachoeiras para encantar nossos olhos; acendeu o sol com a sua luz de energia para regenerar a vida; soprou a brisa para acalentar a luz do sol. E a natureza respondeu produzindo alimentos.




E o homem criou Deus.

Um Deus que avança na ambição, que recolhe dinheiro em sacolas, que desmata, queima, aprisiona.

Um Deus que grita, estanca, polui, que mata.



Onde está o verdadeiro Deus?

O Deus que me deixa pegar frutas no cerrado, observar os pássaros da florestas, os animais nos pampas.
Comer jatobá, macaúba, mangaba, barú, ananais, pequi, araticum e gabiroba.

Saborear amoras colhidas na ribanceira, os veludos e azedinhas nos grotões da mantiqueira.



Eu quero o meu Deus de volta. Ele sim é capaz de transformar a sua propria criação para inverter o invertido, e fazer para mim um mundo mais divertido. Com pessoas que sorri, que conta história, que pula e se emociona.



Eu quero de volta o meu Deus...


Paulo Freitas/2010





sexta-feira, 2 de dezembro de 2011

A LONGA ESPERA


Fiquei sozinho a pensar, que hora deves voltar
Mas este tempo não passa, por mais coisas que eu faça
Meu Deus, que demora, e você  por este mundo afora
Logo de manhã foi embora, onde deve estar agora?

Este  silêncio  me choca, o telefone que não toca
A vida ficou Vazia, sozinho sem companhia
A casa sem movimento, viajando no pensamento
E se algo acontecer, e se ventar ou chover

Um acidente na estrada, talvez uma ponte quebrada
Meu coração fica tenso, sem  controle do que penso
No ruído do silencio, o meu pulsar é imenso
Repicam batidas fortes, chego a pensar em morte

Um carro bateu a porta, mas é lá fora que importa!
Mas já é uma esperança, o meu esperar não se cansa
Já vai terminar a novela, meus Deu onde estará ela?
Desde cedo foi embora, onde deves estar agora?

O portão está se abrindo, que alivio estou sentindo
Vou encontrá-la correndo, um abraço requerendo
Que bom que você chegou, meu coração sossegou
Fique sempre juntinho assim, você é tudo prá mim...

Paulo Freitas
Dez/2011

segunda-feira, 21 de novembro de 2011

ESSÊNCIAS DE MULHER

A mulher em sua essência
é um constante transitar de sentimentos.
Muda de humor a todo o momento,
viaja nos desejos do pensamento.

A mulher em sua existência,
contradiz com sorte as leis da  natureza.
Quando os físicos criaram as grandezas,
Não mensuraram  sua  beleza.

Num desfilar insinuante de modelo,
deslumbra o olhar  e a formosura.
Nobres gestos de sutil candura,
enobrecem sua alma pura.

O olhar meigo encanta com carinho,
e a sensualidade surge graciosa,
sensibiliza com o cheiro da rosa,
um  beijo no amante doce carinhosa

O relógio desperta o sono calmo,
 Os movimentos rotineiros do  farto dia.
Parcos raios de luz os olhos desviam,
e o sono que resta ela renuncia.

Um carinho terno com as mãos afaga,
o filho  querido que ressona inerte.
Mulher-mãe que em seu sangue verte,
Cuidar do pequeno lhe diverte.

Seu caminhar impera no silencio,
a elegância de um monumento branco.
Luvas acépticas quebram seu encanto,
Soros injetáveis indolentes prantos.

A palavra calma se abre num sorriso,
o afago carinhoso sem a  luva agora.
A mulher ternura escondida aflora,
num abraço gostoso que o doente implora.

Paulo Freitas – Nov/2011

segunda-feira, 3 de outubro de 2011

O CAMINHO DA VIOLÊNCIA

São oito horas da noite de um domingo. Uma garota  despede-se de suas amigas e se afasta da lanchonete em direção a sua casa. Gostaria de ter ficado mais  com as amigas, mas os compromissos na segunda-feira lhe impedem abusar do horário. Perdida em seus pensamentos, lembra que no dia seguinte terá uma entrevista de trabalho. Apesar dos seus dezesseis anos e muita responsabilidade. O seu único defeito é gostar de se divertir, de tomar cerveja e conversar com as amigas. De longe alguém a observa. Dois homens que acompanharam  sua saída da lanchonete,  a seguem rua abaixo. Um deles se adianta e a ultrapassa, ela se assusta  quando ele passa, pois a encarou com um olhar medonho.
Depois de dez minutos de caminhada, a um quarteirão de sua casa, ao passar por um terreno ermo, o homem que a ultrapassou  há pouco,  sai da penumbra da noite e a interpela impedindo-a  de continuar o seu trajeto. Ela tenta se safar, mas o segundo homem chega e a agride, impedindo-a de gritar apontando uma faca em sua direção.
Com palavras de ordem e muita agressividade, os homens a arrastam pelo terreno baldio e neutralizam os seus movimentos, abusando do seu corpo sexualmente, um de cada vez até satisfazerem totalmente seus instintos animalescos. Fugiram depois  abandonando-a desacordada com as vestes rasgadas e muitos ferimentos pelo corpo.
Não tiraram a sua vida, mas tiraram de sua vida todos os sonhos de juventude. Ficaram marcadas para sempre em sua mente aquelas agressões como sequencia de traumas emocionais que afetaram seu comportamento físico e o psicológico.
As marcas da brutalidade ficaram em seu rosto em forma de cicatrizes. Marcas mais profundas ficaram em seu coração e na sua mente. Os seus sonhos se tornaram doentes e inseguros. Os medos cavaram abismos nos caminhos de sua vida.
Aqueles  homens, ou talvez animais travestidos de homens, certamente continuarão por aí a fazer vitimas. Eles, na sua concepção de vida, certamente não encontram outras maneiras de mostrar suas libidos. As suas mentes criminosas se formaram em ambientes propícios  para a discórdia onde o amor é apenas uma falsidade para enganar suas tendências instintivas. As pessoas, para eles, são como coisas ou objetos que servem para serem usadas, consumidas e descartadas como lixo ou restos de alimento.
Aqueles homens, frutos de uma sociedade decadente, sem valores, sem critérios e sem limites, fundamentam suas vidas no prazer do agora. Cultivam vícios  e modelos  que determinam o espelho para os seus descendentes, construindo um buraco negro na sociedade onde o medo e o crime imperam como únicos caminhos a seguir.
Aquela jovem, criança nos desejos, adolescente nos sonhos e adulta nas  responsabilidades, era talvez a esperança de um modo de vida de salvação dessa sociedade onde a família está em ruína. Ela seria talvez o fio da meada em busca da solução para violência em que o jovem caminha cada vez mais para o fim do poço em busca de drogas cada vez mais  baratas e cada vez mais mortais. Esta droga que detona as mentes infecciona os relacionamentos e mata precocemente a motivação da vida.
A família, a maior prejudicada em todo processo, sofre a perda de um ente querido e cobra ação da justiça que acumula processos e presos em CDPs a espera de soluções. Esta justiça, sem meios, e sem critérios que só é justa para vitimas com bons advogados. E libertadora  para criminosos com grandes contas bancárias.
Enquanto isso a impunidade impera nas comunidades, nas classes medias e nas classes dominantes. O grande poder de dominação dos criminosos e contraventores faz proliferar e multiplicar de forma geométrica os vetores do crime. Os governantes que têm nas mãos o poder da mudança fabricam leis que facilitam  o crime, criam jurisprudências que libertam criminosos e legislam em causa própria para desviarem verbas que poderiam mudar um pouco o panorama e o futuro desta sociedade.
Que Deus, a única esperança dos bem- intencionados, possa ouvir os clamores dos crentes e dos fiéis, e implante um pouco mais de sentimentos bons nos corações dos homens para que estes passem a enxergar o outro  como irmão e não como mero coadjuvante de uma história.
Paulo Freitas
Set/2011

domingo, 21 de agosto de 2011

MINHA BARBIE MORENA

Em 1959, exatamente no dia 09 de março, no estado da Califórnia nos Estados Unidos,  nascia a Barbie, a  boneca  mais esbelta do mundo.  Dezessete dias depois, no dia 26 de março,  numa pequena cidade próxima a Poços de Caldas, chamada Divinolândia, nascia Maria Beatriz,  a morena mais determinada do mundo.
Conta a história  que esta morena, com apenas 12 anos, já morando na cidade de Campinas, estudava no Colégio Bento Quirino e mexia com os corações dos garotos,  seus contemporâneos. Mais de uma testemunha corroborou esta informação demonstrando que ela  deixou marcas profundas na memória de seus admiradores.
Apesar de sua origem simples, Maria Beatriz buscou estar sempre entre os melhores e assim conquistou cada vez mais o seu espaço  na comunidade, na sua escola e no seu trabalho. Contando sempre com o grande apoio de sua mãe e grande companheira, caminhou sempre na direção de seus objetivos e com garra os abraçou e conquistou.
Em um dia comum na volta do meu  trabalho, conheci esta morena, que me chamou a atenção pela sua inteligência e independência. No primeiro momento meus olhos enxergaram apenas uma amiga, que como eu, iniciava-se na vida acadêmica e se preparava para uma caminhada em busca de mais uma meta a alcançar.
Com poucos meses de convivência  este olhar já passou a enxergar em seus olhos  um sorriso contaminante e convidativo. Ela não tinha a esbelteza da Barbie, não tinha a beleza global, mas tinha algo que mexia  com minha alma e convertia em desejo  de estar e de ficar junto um pouco mais.
Bastou um momento mais íntimo e meu sangue foi contaminado: o primeiro beijo trouxe com ele o vírus da paixão. E daí tivemos contar mais que meses, foram contados anos de encontros e desencontros que se somaram  seis e depois  mais vinte e mais  cinco que se somaram trinta e muitos que se somarão...
Na sua vida de determinação, Maria Beatriz não realizou alguns sonhos, ainda, mas se depender  somente dela, com certeza vai buscar até o último sonho sonhado.
E eu, como simples coadjuvante desta história, não quero apenas ser aquele que segura a lanterna para iluminar os caminhos, quero sim ser aquele,  que de mãos dadas , determina a opção na ora da dúvida.
Beatriz, quero dizer que sou muito orgulhoso de ter participado um pouco de sua caminhada.
Eu te amo demais.

Parabéns e ...
Um grande beijo

Paulo Freitas
26/03/2010.

quarta-feira, 10 de agosto de 2011

VIDA CIRÚRGICA - O COMEÇO DO MEIO


Era meia noite de uma quarta-feira de clima ameno e a paz reinava em nossa casa.  De repente, uma dor abdominal, que surgira no começo da tarde e insistia em corroer as minhas entranhas noite adentro, deixou-me muito aflito. Direto para a emergência do hospital Centro Médico, uma consulta. A minha querida companheira, que acabara de chegar do trabalho, foi quem me acompanhou em mais esta etapa. A sua calma, como sempre, tentava me fazer tranquilo, mas as dores aumentavam e eu não conseguia me segurar.
- Precisamos investigar – disse o médico que estava de plantão naquele turno. – Vamos fazer exames de sangue, urina, radiografia, ultra-sonografia e tomografia computadorizada.
Tudo foi feito às pressas para saber o porquê do meu intestino não estar fazendo seu curso completo, ficar obstruído e trazer tanto desconforto ao organismo todo.
- Quantos anos o senhor tem? Já fez outras cirurgias? Alimenta-se bem? Fuma? Usa bebida alcoólica? Infelizmente vamos ter de internar para uma intervenção cirúrgica. O senhor sabe dos riscos? Quem está acompanhando o senhor? Tem que ser imediatamente. Vamos encaminhá-lo para o setor, o senhor pode ir sozinho?
 - Quatrocentos e dez. Já está reservado para o senhor. Pode aguardar que a moça vem lhe buscar.
As palavras iam sendo assumidas, as ordens cumpridas parecendo que eram rotinas conhecidas que levavam a um destino também conhecido.
Ao meu lado, a minha grande companheira disfarçava o seu choro para me deixar mais confiante. A nossa tristeza refletia outras situações já passadas no mesmo hospital. No entanto, agora levavam a riscos maiores e as expectativas podiam não ser muito boas.
Foram seis dias de ações involuntárias, toleradas por uma força interior que superou todas as expectativas. Agora sentado no sofá da sala, eu vejo o ambiente e digo: não parece que aconteceu tudo.  Meus amigos se revezam a me visitar, cada um de sua forma trazendo um conforto a mais. O telefone toca e mais uma resposta: minha missão não terminou, eu ainda tenho muitas alegrias a viver e muitas ações a fazer.
Eu ainda preciso achar um jeito de mostrar ao mundo que a maneira certa de viver é amando. Amar a cada momento de vida, a cada situação de alegria, a cada filho, a cada amigo, a cada almoço, a cada lanche, a cada poesia, a cada crônica escrita, a cada livro lido, a cada história contada.
Eu quero deste meu jeito simples de viver poder mostrar que a paz só existe se for acompanhada de um bom relacionamento. Relacionar-se bem com as pessoas é ser sincero o bastante para agradar e ser fiel o bastante para conquistar.
Eu sei que ainda tenho muita coisa a fazer: quem sabe conhecer um pouco mais sobre Deus, um pouco mais sobre a natureza, um pouco mais sobre os animais, um pouco mais sobre os homens. Tudo sobre mim. Sei que ainda estou no começo do meio e muito longe do fim.
Tenho plena convicção que a minha vida ainda está plena e ativa. Se eu não posso cavucar a terra para plantar a semente, eu posso com certeza aspergir água nas plantas já crescidas.  Se eu não posso colher e transportar os frutos, eu posso com certeza reunir as pessoas para o banquete.
E quero ainda conhecer um mundo mais justo. Que as pessoas olhem umas para as outras com o desejo de que sejam felizes.  Que as pessoas se vejam no outro e possam compartilhar conhecimento, espaço, carinho, afeição, aconchego e amor. Que elas, em cada degrau do seu poder e em cada piso de sua subordinação, possam ser justas nas ordens e inteligentes no cumprimento, justas nas ações  e coerentes na aceitação, justas com a natureza e inteligentes com a vida.

Paulo Carvalho de Freitas
Agosto de 2011

segunda-feira, 25 de julho de 2011

FRATERNIDADE E A VIDA NO PLANETA

O equilíbrio mora na natureza. As plantas e os animais se harmonizam numa transferência de energia que faz a alegria do seu Criador.
O homem, criatura ambiciosa, buscando sem limites o poder, desafia o seu próprio Criador e entra em conflito com a criação.
Ronca a motosserra nas mãos do perverso homem. Um veio de dor decepa o cerne da frágil árvore ceifando-lhe uma vida centenária.
Com os braços abertos ela implora pelo planeta, mas o homem impiedoso a faz tombar para o fim.
Decepam-lhe os braços, as pernas o corpo, deixando-a sem respiração, sem chance, sem vida.
Atrás de si vai ficando um cenário triste, um cemitério de vidas verdes. Deitadas sobre o solo úmido que um dia estará seco e árido pela falta da cobertura vegetal.
Tratores e caminhões, os grandes  monstros que arrastam e engolem cada pedaço de vida  e em cada corte jorram seivas de lágrimas.
Pequenos animais correm alvoroçados ao se sentirem ameaçados pela clareira da mata e se embrenham numa fuga desesperada, deixando para trás os ninhos, os filhotes e o seu mundo.
Vão se as árvores, fica o desequilíbrio. A chuva fica escassa, o solo desertifica.
O homem vibra, a natureza chora. Chora toda a criação de Deus que geme em dores de parto, pelos descaminhos do mundo.
A árvore chora, o planeta implora, por mais fraternidade entre os homens, que são criaturas do mesmo Criador.
A árvore tomba, e o homem zomba e busca desenfreadamente uma porção a mais de poder, faz derreter as geleiras dos pólos, destrói as camadas de ozônio, envenena as águas e adoece  a terra.
O planeta geme as dores do parto. Um parto de alto risco. E o Pai  Criador, ao lado do leito da UTI, grita pela Fraternidade e a Vida no Planeta

Paulo Freitas
Julho 2011
Sociedade São Vicente de Paulo

quarta-feira, 6 de julho de 2011

ORAÇÃO ESCOTEIRA

Quando pensamos na nossa existência e nos colocamos como inquilino deste mundo, sentimos como fonte de energia a presença do Criador.
Quando vimos estas maravilhas que nos são oferecidas, sentimos um grande desejo de agradecer:

- Obrigado Senhor pela vida: que nos faz participar, compartilhar e sentir cada momento.

- Obrigado Senhor pelo céu e pelas matas, a grandeza do firmamento.

- Pela beleza dos pássaros, pela maravilha das paisagens, pelo fruto, pelo alimento.

- Obrigado pelas águas que simboliza o nascimento.

- Obrigado pela terra, que faz o crescimento.

- Pela eternidade da vida e pelo seu acolhimento.

MEU DEUS

Queremos na simplicidade do nosso ser,
Pedir-Lhe para interceder:

Na harmonia da natureza,
Impondo aos homens o limite do poder.

Na viabilidade da família,
Mostrando a Fraternidade,
O carinho e motivos para crescer

Na solidariedade dos homens
Dando-lhes amor a oferecer.

Abençoe Senhor a humanidade dando-lhes a consciência da preservação,
do comprometimento com a vida,
do compromisso com a paz.

Abençoe também nossos jovens,
que toda esperança nos traz.

Amém...

Paulo Freitas
03/06/2011

terça-feira, 24 de maio de 2011

ANA LUCIA IN MEMORIAN

Seu caminhar era firme, fiel de todos os dias.
As amizades correspondiam.
Era  como se fizesse parte da paisagem.
Que gostoso receber um bom dia todos os dias.
De alegria, de incentivo, de sorriso.

Assim como o seu caminhar
Sua amizade era sincera, fiel, verdadeira, positiva.
De seu ponto de equilíbrio e liderança
Surgiu um ponto de encontro
De amigos, de conversas, de apoio.

Assim como nós, o sol não se punha
Antes de lhe  dizer boa noite
E as luzes artificiais balizavam os seus momentos
No seu coração sempre havia uma palavra
De conforto, de direção, de informação.

Hoje a espera se cansou de esperar
E a luz do sol se apagou sem poder dizer adeus
Não havia a reunião nem a canção do boa noite
Só havia a noite:  sozinha, quietinha,
De luto negro, sem cor, sem alegria

Perdemos uma amiga pra Deus
Este Deus que avança sem permissão
Arrebatando os bons de coração, foi embora
Com muitos projetos vida afora,
E agora, que Deus levou antes da hora?

Na lembrança ficou o seu sorriso
Na memória os seus conselhos
Na vida o seu exemplo
No firmamento a sua paz.

Paulo Freitas
Maio/2011

quarta-feira, 4 de maio de 2011

DISSE O LULA

Disse o Lula, A crise é nula,
 Você acumula, é a  solução
Todo o Brasil Contribuiu
e consumiu a  produção.
Cartão de Credito, de débito,
Foi tudo inédito pra população

O presidente, ficou contente,
pelo presente que recebeu
Mas o salário, do proletário,
que é precário já padeceu
Cadê dinheiro, do celeiro,
foi o primeiro que o gato comeu.

A inadimplência, com freqüência,
sem clemência, bateu em casa
O que foi emprestado, pro aposentado,
saiu queimado no ferro em brasa.
Não teve fome, mas o nome,
de quem consome foi pro Serasa.

Foi triste, mas Deus existe,
e sempre assiste a quem merece
Um grande corte,  que deu suporte,
e atingiu o norte em uma prece:
- Meu grande pai, ouça meu ai,
por favor ajudai este que padece.

Ninguém comenta, mas a presidenta
Diz que sustenta o que prometeu.
Vai diminuir a fila, do Bolsa Familia
Dando mais pila a quem mereceu
E sem trabalhar, você pode sacar
E  dinheiro ganhar, com a ajuda de Deus.

Paulo Freitas
Abril/2011

O RESTAURANTE DO MESTRE

O Mestre determinou: convite era para montar um grande restaurante onde pudessem servir clientes especiais.
Muitas pessoas  foram visitadas e convidadas a se tornarem sócias do empreendimento, mas  apenas dez famílias aceitaram o  convite, pois era preciso ter um currículo aceitável para esta tarefa. 
Uma reunião foi marcada para discutir as regras e a assinatura do contrato.
Sorrateiramente , de dois em dois, foram chegando à sala de reunião. Ressabiados foram sentando-se em silencio. Vindos de diversos lugares e cidades, estranhos na convivência, mas conhecidos por causa da caminhada. O Mestre coordenava tudo e todos buscavam o mesmo objetivo.
De repente alguém fez uma piada e o gelo foi quebrado. Aquela sala toda branca  começou a tomar cores de sorrisos, alguns meio amarelados no inicio ou um pouco contidos, mas todos com vozes e gestos que indicavam a disposição de acalorar um pouco mais aquele ambiente.
O Mestre chamou: vamos convocar o espírito de união e com  fé buscar entender qual será a missão dessa organização. De mãos dadas aquele grupo se sentiu mais unido e as energias circularam entre as mãos e foram ao coração e de lá se espalharam através dos olhares, dos gestos e das palavras e contaminaram a todos.
Os clientes já aguardavam e os sócios precisavam iniciar o serviço. Os ingredientes estavam dispostos e as ferramentas disponíveis.
Os movimentos na área de trabalho começaram tímidos e foram ritmando à medida que o Mestre determinava cada missão.
O calor do ambiente não era o maior que o calor humano que emanava de cada um. Cada qual com sua habilidade manuseavam ferramentas para preparar, organizar, separar, arrumar, mexer, decorar. Outros com mais paciência se colocava à disposição para ensinar.
Em cada atividade executada, histórias de vida eram contadas e o envolvimento entre as pessoas crescia a cada momento. A cada pergunta e a cada resposta os perfis foram montados e muitas vezes admirados pela coragem, pela perseverança, pela fé, pela alegria de viver.
No plano de ação, o Mestre pedia que os meios de produção fossem simples e os ingredientes usados fossem de boa qualidade. Que a simplicidade se exteriorizasse também nas pessoas e nas ações. Assim tudo foi feito a vinte mãos, humildemente e caprichosamente dentro das expectativas e a qualidade foi tão especial que os clientes esbanjaram satisfação.
E os vinte sócios, agora todos amigos, resolveram, através da musica, exteriorizar suas alegrias. Assim, ensaiaram exaustivamente musicas de exaltação e se dispuseram, desafinados ou não, se exporem perante todos os clientes  e apresentarem suas aptidões.
E foi lindo, não pelas vozes ou pela afinação, mas pela homenagem e pelo retorno  que ela causou.
O Mestre disse:  muito obrigado. E todos se curvaram  em reverencia. Em cada rosto de cada cliente o olhar de  surpresa, e em cada sócio trabalhador a satisfação do dever cumprido.  
O Grande restaurante foi desmontado, mas os sócios, agora amigos, seguiram se encontrando  para sempre. E o Mestre foi o elo desse encontro.

Paulo Freitas
Maio/2011

sexta-feira, 29 de abril de 2011

LAGOS E CORES

Num sublime pedestal de montes verdes,
Observo a planície soberba que se espalha.
De lagos e rios a natureza em lindas malhas,
Construída pelo tempo em grandes redes.

O céu azul encontra as águas no horizonte,
Com magníficos desenhos enfeitam este rincão.
Os verdes das ilhas são esmeraldas no chão,
E o azul das águas é safira atrás dos montes

A fauna exuberante campeia suas margens,
Em revoada branca, faz desenhos clássicos.
Pousam em busca do alimento aquático,
Embelezando ainda mais estas paisagens.

Amarelo sobre o verde em pequenos feixes,
Brotam em silencio às margens da mata.
Dourando em reflexos as águas cor de prata,
Formando mosaicos em ninhos de peixes.

O negro vai escurecendo o grande manto,
E o sol recolhe os raios do seu olhar candente.
Emoções coloridas me trazem este presente,
Um vermelho alaranjado nasce por encanto.

De Volta à base do pedestal dos montes,
Observo triste o final deste sol poente.
Que esconde o tom das cores já dormentes,
Pintando de negro a linha do horizonte.

Paulo Freitas
29/04/2011

domingo, 24 de abril de 2011

O PERDÃO

O mundo criado por Deus é tão grande e infinitamente imensurável que nós, seres humanos, nada representamos perante a sua grandiosidade.
Apesar de criados puros, ficamos expostos aos pecados que nos rondam e isto nos faz infratores das leis de Deus a cada momento de nossas vidas. No entanto, Deus, em sua grandiosidade, prontamente nos alivia quando nos curvamos, nos arrependemos do pecado cometido e pedimos perdão. Porque nós, meros seres terrestres, não podemos ser um pouco humildes e nos sujeitarmos ao perdão?
O fardo do pecado é o peso da nossa consciência. Quando causamos algum mal ao nosso irmão ou a qualquer ser vivente da natureza, este pode sofrer tanto as consequências físicas quanto as psicológicas, que podem ser chamadas de dor espiritual. Quando perdoamos ou somos perdoados, a nossa consciência se torna leve e tranquila.
O alívio do pecado é o perdão. Este faz bem tanto para quem o pede quanto para quem o recebe. A consciência sem traumas e o espírito sem mágoas vivem sempre em paz com Deus.
Não devemos somente pedir perdão a Deus pelos nossos pecados, devemos também nos colocar perante aos nossos ofensores e ofendidos perdoando e pedindo perdão, pois a vingança é a principal inimiga do perdão e trabalha na contramão da harmonia do mundo.
Diz a oração que Deus nos ensinou:
- Perdoai os nossos pecados, assim como perdoamos a quem tem nos ofendido.
Amém!

Paulo Freitas
24/04/2011

segunda-feira, 18 de abril de 2011

DEPRESSÃO


Era o ano de 1991. O governo Collor de Mello estava assumindo uma postura de acertos econômicos para o Brasil e desacertos para toda a população de classe média.
As indústrias começaram a se organizarem e o conceito administrativo de reengenharia era o que mais se aplicava. Cada setor da economia se arranjava como podia para sobreviver ao confisco das poupanças e das aplicações financeiras.
Neste ano também fomos atingidos de uma forma brutal: perdemos as nossas economias e o nosso emprego.
Que sorte: ainda tínhamos o fundo de garantia... E começamos a buscar um novo emprego.
Foram oito meses de busca e respostas negativas. Acabaram-se as esperanças e começamos a cortar os pequenos gastos supérfluos. A cabeça começou a fraquejar: o que será que acontece, o que valeu estudar tanto. Não podemos ficar a mercê de ser sustentado pela esposa. Eu preciso fazer alguma coisa, mas o quê?
Fizemos: começamos a pensar besteiras, cometer injustiças com a família, tentando culpa-los pela incapacidade. Tudo começou a desabar. Era a depressão.
Percebemos a tempo de não sucumbirmos nos buracos da baixo auto-estima. Fomos procurar ajuda junto aos amigos e recebemos apoio: fomos salvos por três frases bastante curtas – você tem - você pode - você consegue.
Tinha: Deus, a vida, saúde, a família. Podia tudo o que quisesse. Consegui...
Hoje vemos o mundo com mais clareza; buscamos sempre um trabalho direcionado a atividades que dão prazer ou que leva prazer à outras pessoas. Mas vemos a maioria da população, pelo menos esta a que temos acesso, num caos emocional muito grande. As buscas pelo poder, pela perfeição e pelo sucesso financeiro sempre causam grandes perdas ao relacionamento social.
Nós observamos nas ruas e em todos os meios de comunicação a propaganda incoerente de grupos religiosos que fazem milagres de todos os tipos: salvam a alma, salvam a empresa, saram as feridas, curam os aleijados, etc...
Vemos grandes catedrais sendo construídas em nome deste Deus; e dentro destas casas só se falam o nome do Inimigo. Todas as reações do corpo à uma má alimentação, à uma vida sedentária sem qualidade, à uma repressão da família, à uma decepção amorosa (...) Tudo é considerado obra do dele ( o antagônico). É preciso deixar bem claro, é preciso falar o nome dele senão não vale.
Será que estes dirigentes religiosos amam mesmo a Deus, da forma que ele quer ser amado? Como está a comunidade dentro destas grandes catedrais. Como está o amor ao próximo?  Onde está a solidariedade entre os irmãos?  Será que cada irmão que está clamando a Deus, sabe o nome daquele que está ao seu lado, conhece o problema do irmão, ofereceu uma palavra amiga, quis saber da família (se vai bem), se tem comida na sua dispensa, se tem trabalho para se sustentar, se está sendo amado? (...)
É fácil ser egoísta quando se busca a manutenção das necessidades supérfluas. É preciso ver o ser humano ser egoísta quando estão faltando as necessidades básicas: casa, comida na mesa e paz.
Quantas pessoas poderiam ser salvas se diante das suas lamentações, os “pastores” buscassem o Deus em cada um e não o inimigo.
Se dessem poder aquisitivo para sobrevivência dos fiéis e não saquear o pouco que têm em  nome do “dízimo”,  da bíblia e de Deus.
Se dessem mais amor a Deus e pedissem menos curas (...)
A depressão e o estresse estão matando muito. E não é por falta de Deus. É por falta de uma palavra amiga, de um carinho, de um momento de prosa...

REENCONTRANDO EMOÇÕES

O nosso coração se acende de emoções quando a saudade que sentimos de pessoas que foram em nossa vida, alimento de alegrias, se torna latente. A emoção fica ainda muito mais vibrante quando a distancia que nos separa dessas pessoas, não se pode transladar com apenas alguns minutos de movimento.
Foi muito bom sentir esta saudade, quando uma amizade de mais de dez anos foi adubada com grande quantidade de energia e sais de emoções.
Ele que um dia foi o homem do Bazar, também foi o mais respeitado Homem da Sociedade Amigos do Bairro (SAB), nos deu o privilégio de participar de sua vida em vários momentos e se tornou um grande companheiro nas lutas políticas da nossa região e também como um grande ombro para ouvir os nossos casos e os nossos descasos.
Ele que um dia, pela porta da igreja onde reinava como um grande e fiel colaborador, deixou entrar em sua vida um Deus que o tornou frágil como uma criança, mas sensível como uma teia de aranha que desmorona a um pequeno toque.
Ele que, pela perda de uma parte importante de um equipamento do seu corpo, começou a enxergar o mundo com os olhos de uma exuberante águia, que do alto de sua plenitude, consegue ver os movimentos de um pequeno camundongo.
O homem do Bazar que conhecemos ha mais de dez anos, chegou ao nosso encontro, depois que cruzamos cinco horas de viagem e nos recebeu em seu coração com uma lágrima de felicidade. Uma felicidade que só nós sabíamos o motivo. Uma felicidade que vinha de dentro da alma como uma explosão de emoções que somente os olhos podem traduzir.
O homem do Bazar, que conquistou o seu patrimônio e a sua família usando apenas as mãos, iniciando pelas duras penas do trabalho no eito da lavoura, depois servindo as mesas da alta sociedade e em seguida pela arte de construir casas e edifícios.
O homem da sociedade, que com suas mãos calejadas e sexagenárias pela idade, nos mostra na sua humildade que ainda é possível servir e assim transformou com o suor do seu rosto, dois mil metros de terras pisoteadas pelo gado. Um grande paraíso de plantas que encanta os nossos olhos e serve aos grandes bandos de pássaros que vem se alimentar das frutas, que se perdem nas pencas penduradas nos arvoredos enfileiradas, erguidas como um manto verde e que se perde em variedades de cores e sabores.
Um homem que, com a sua visão de águia, conquistou o coração de nossos amigos visitantes pela sua ternura de caráter, sua paz e sua tranqüilidade e sua maneira espontânea de contar histórias sempre enriquecidas com detalhes de muita perseverança e determinação.
Muito obrigado a este companheiro, pelos momentos dessas emoções que passamos juntos, ontem, hoje e sempre e pela grandeza de sua alma cristã que nos deixa sempre querendo encontrar nele um motivo a mais para explicar o seu bom humor e a seu relacionamento tão maravilhoso com Deus.

Amigo, Deus te abençoe para sempre.

Paulo Freitas
26 de janeiro de 2008- 17h00min

VOU TE CONTAR UMA HISTÓRIA!

Bia,

Vou te contar uma história!!!
Nesta terça-feira de manhã, preparava-me para a caminhada matinal. Depois do ritual completo de preparação, busquei um beijinho de despedida e tchauuu... Um recado: na volta devo trazer 04 pães. Segui sozinho rua acima.
Para passar o tempo contava os passos, até me distraí com as pessoas, as mesmas pessoas de todos os dias. Bom dia.
Bom dia, cadê a Bia, pensava uma pessoa, mas não dizia.  Não quer caminhar conosco? - pensava a outra- mas não dizia. E eu continuei caminhando só, sem a Bia.
Foi mais forte o sentimento de solidão quando minhas mãos se esfriaram e eu não tinha outra mão para me segurar. Aquela de todos os dias. As mãos da Bia. Desprotegido.
E aí pensei numa história do cotidiano. Não tinha prá quem contar: Solitário.
De repente o silencio. Continuei caminhando. Só os meus passos podiam ser ouvidos.  Pelo menos assim eu consegui ver os cadarços do meu tênis desamarrado. Parei.
Uma pedra foi o meu suporte.
E aí eu pensei numa história, não do cotidiano, mas numa história verdadeira que se escreve cada linha em cada segundo da minha vida.
Se eu posso caminhar, eu percebo esta história.  Se eu posso trabalhar, eu escrevo esta história. Se ainda posso medir os índices de vida do meu sangue, eu sinto esta história.
Se eu me sinto vivo, eu vivo esta história. E para continuar acreditando na vida, eu preciso desta história.
E eu continuei a caminhada. E no caminho alguém perguntou: e o seu livro???  E eu respondi: eu vou te contar uma história:
- Era uma vez uma mulher chamada Beatriz, que se tornou a Bia da minha vida e que hoje faz mais um aniversário e quero que ela viva para sempre como parte da minha grande história.

Parabéns, querida. Eu acho que amo muito você...

Paulo

26/03/2008 – 00h15min

sábado, 8 de janeiro de 2011

CACHOEIRAS EM SÃO LUIZ DO PARAITINGA


- Neste final de ano eu quero fazer um passeio diferente. – dizia a minha esposa.
- Eu quero um lugar que tenha cachoeira e tranqüilidade. Ou então vamos para a praia. Passeio na praia estava descartado, pois todos nós sabemos que é a maior roubada descer ao litoral para o réveillon. É o caos: falta água, sobra chuva e muitos estresses no caminho de volta.
- Porque você não vai para Conceição do Ibitipoca? – sugeriu um amigo professor.
- Lá tem um Parque com muitas cachoeiras e é muito gostoso. Tem muitas pousadas e chalés. Fica em Minas Gerais perto de Juiz de Fora. Eu já fui várias vezes e gostei muito. São só 510 quilômetros até lá. - Só? Isto quer dizer umas cinco horas ou mais de viagem. Não sei não. Tudo bem. Levei a sugestão para casa e mostrei para a família.
Não aprovaram. Entrei na internet e digitei no Google:“cachoeiras SP”. O primeiro link me chamou a atenção: trilha das 7 cachoeiras: abri e verifiquei que se tratava de uma pousada em São Luiz do Paraitinga que proporciona passeios em trilhas.
 - São Luiz do Paraitinga? Não é aquela cidade do vale do Paraíba que ficou famosa no começo de 2010, quando sua igreja central foi filmada vindo abaixo depois de uma grande cheia do Rio Paraitinga, e cobriu todo o Centro histórico da cidade?
- Isso mesmo. Vai ser interessante conhecer. Depois de navegar um pouco pelas paisagens e pousadas da região, o nosso interesse aumentou e levamos a idéia já bem amadurecida para a família.
Estava quase terminando o ano velho quando decidimos reservar espaço e ligar nas pousadas. Foi difícil encontrar disponibilidade. Mas a sorte estava do nosso lado e uma alma boa nos respondeu positivamente. Fechei na hora sem ao menos saber direito o preço.
A Pousada Recanto Fazendinha foi construída com materiais totalmente garimpado em demolições, o Rosano e a Maria Inês, construíram um recanto de amigos estilo fazenda. As portas internas e externas dos quartos não têm fechaduras, demonstrando a confiança na escolha de cada convidado, eles são fechados somente com as primitivas tramelas. Cada espaço da pousada reflete o carinho na escolha da decoração, dos móveis e da iluminação. O Bar é do sistema self-service, você toma a cerveja, o vinho ou drink e marca na comanda.
O Centro histórico da cidade é um show de paisagem. Cada construção é uma obra de arte, cada pessoa um personagem de um teatro que muda de cenário a cada esquina que viramos. Uma ponte em arco, um luminária com lampião da década de 30, um chafariz de metal fundido de 1800 e toda a arquitetura tombada, com as peculiaridades de um tempo que ficou na história. Paredes em taipas de pilão, portais em relevo e cores deslumbrantes. Algumas casas em reforma mostravam as paredes desnudas como feridas a serem curadas. Cada comerciante expondo suas fachadas em cores vivas, parecendo um grande parque feito com casas de bonecas Acabamos por jantar num bar e restaurante típico, que servia pratos feitos, onde o garçom é o próprio proprietário. As paisagens naturais da região também são deslumbrantes. O passeio das cachoeiras será lembrado pra sempre por todos os trilheiros que nos acompanharam na aventura. As quedas d’água formam um grande véu e cada um deles desenha um esplendor diferenciado, fazendo-nos encantar a cada metro percorrido por entre as árvores e cursos d’água. O frescor da trilha e a umidade do ar, fez derramar sobre nós uma brisa fina em todo percurso, fazendo com que o nosso passeio se tornasse particular e único.
A falta de equipamentos e a inexperiência dos participantes fizeram cada transposição uma aventura peculiar. O nosso guia, com seu sotaque caipira, trouxe-nos uma alegria contagiante, contando histórias e lendas de Monteiro Lobato, como do Saci-Pererê e da mula–sem-cabeça, terminado com uma surpresa na casa da Dona Dolores, servindo um lanche natural para restabelecer as forças para o retorno.
A chuva aumentou de intensidade e a volta foi mais comedida e com uma maior preocupação com a segurança. Chegamos em paz, muito bem recepcionados e muito molhados para a Ceia das quatro horas. Galinha caipira ao fogão de lenha, arroz integral socado no pilão, feijão rosinha, salada de palmito entre outras opções, nos fizeram permanecer à mesa por mais tempo, terminando com um gostoso doce caseiro.
A chuva que chove em demasiado em São Luiz do Paraitinga, é a mesma chuva que devia chover nas grandes plantações de milho e soja que se perdem nos descampados do interior. Sem as matas preservadas, as chuvas se concentram em pequenos espaços e faz transbordar os rios e ribeirões trazendo inundações e castigos aos ribeirinhos.
A gente só descobre a destruição da natureza de verdade, feita pelo homem, em momentos como este, quando vimos cantinhos preservados na Mata Atlântica onde podemos ainda conhecer espécies da flora e da fauna que temos visto somente através de imagens reproduzidas nos livros e clipes feitos por profissionais da mídia. As plantas, seres vivos assim como os animais e os humanos, têm direito à vida.

A destruição da natureza é a destruição da vida. Se não houver uma conscientização urgente das novas gerações para preservar o que ainda existe, seremos condenados pelo nosso planeta a nos esconder de catástrofes cada vez mais intensas e sobreviver de migalhas deixadas nos caminhos dos ventos, dos mares e tempestades.

Paulo Carvalho de Freitas
08/01/2011