... E O HOMEM CRIOU DEUS!

Um dia a paz reinava no mundo e tudo era belo e silencioso.



Deus criou o homem e ficou feliz.

Ele com a sua sabedoria, encantou as florestas com os pássaros para entoar nossos ouvidos com suas melodias; vislumbrou as montanhas com rios e cachoeiras para encantar nossos olhos; acendeu o sol com a sua luz de energia para regenerar a vida; soprou a brisa para acalentar a luz do sol. E a natureza respondeu produzindo alimentos.




E o homem criou Deus.

Um Deus que avança na ambição, que recolhe dinheiro em sacolas, que desmata, queima, aprisiona.

Um Deus que grita, estanca, polui, que mata.



Onde está o verdadeiro Deus?

O Deus que me deixa pegar frutas no cerrado, observar os pássaros da florestas, os animais nos pampas.
Comer jatobá, macaúba, mangaba, barú, ananais, pequi, araticum e gabiroba.

Saborear amoras colhidas na ribanceira, os veludos e azedinhas nos grotões da mantiqueira.



Eu quero o meu Deus de volta. Ele sim é capaz de transformar a sua propria criação para inverter o invertido, e fazer para mim um mundo mais divertido. Com pessoas que sorri, que conta história, que pula e se emociona.



Eu quero de volta o meu Deus...


Paulo Freitas/2010





domingo, 21 de agosto de 2011

MINHA BARBIE MORENA

Em 1959, exatamente no dia 09 de março, no estado da Califórnia nos Estados Unidos,  nascia a Barbie, a  boneca  mais esbelta do mundo.  Dezessete dias depois, no dia 26 de março,  numa pequena cidade próxima a Poços de Caldas, chamada Divinolândia, nascia Maria Beatriz,  a morena mais determinada do mundo.
Conta a história  que esta morena, com apenas 12 anos, já morando na cidade de Campinas, estudava no Colégio Bento Quirino e mexia com os corações dos garotos,  seus contemporâneos. Mais de uma testemunha corroborou esta informação demonstrando que ela  deixou marcas profundas na memória de seus admiradores.
Apesar de sua origem simples, Maria Beatriz buscou estar sempre entre os melhores e assim conquistou cada vez mais o seu espaço  na comunidade, na sua escola e no seu trabalho. Contando sempre com o grande apoio de sua mãe e grande companheira, caminhou sempre na direção de seus objetivos e com garra os abraçou e conquistou.
Em um dia comum na volta do meu  trabalho, conheci esta morena, que me chamou a atenção pela sua inteligência e independência. No primeiro momento meus olhos enxergaram apenas uma amiga, que como eu, iniciava-se na vida acadêmica e se preparava para uma caminhada em busca de mais uma meta a alcançar.
Com poucos meses de convivência  este olhar já passou a enxergar em seus olhos  um sorriso contaminante e convidativo. Ela não tinha a esbelteza da Barbie, não tinha a beleza global, mas tinha algo que mexia  com minha alma e convertia em desejo  de estar e de ficar junto um pouco mais.
Bastou um momento mais íntimo e meu sangue foi contaminado: o primeiro beijo trouxe com ele o vírus da paixão. E daí tivemos contar mais que meses, foram contados anos de encontros e desencontros que se somaram  seis e depois  mais vinte e mais  cinco que se somaram trinta e muitos que se somarão...
Na sua vida de determinação, Maria Beatriz não realizou alguns sonhos, ainda, mas se depender  somente dela, com certeza vai buscar até o último sonho sonhado.
E eu, como simples coadjuvante desta história, não quero apenas ser aquele que segura a lanterna para iluminar os caminhos, quero sim ser aquele,  que de mãos dadas , determina a opção na ora da dúvida.
Beatriz, quero dizer que sou muito orgulhoso de ter participado um pouco de sua caminhada.
Eu te amo demais.

Parabéns e ...
Um grande beijo

Paulo Freitas
26/03/2010.

quarta-feira, 10 de agosto de 2011

VIDA CIRÚRGICA - O COMEÇO DO MEIO


Era meia noite de uma quarta-feira de clima ameno e a paz reinava em nossa casa.  De repente, uma dor abdominal, que surgira no começo da tarde e insistia em corroer as minhas entranhas noite adentro, deixou-me muito aflito. Direto para a emergência do hospital Centro Médico, uma consulta. A minha querida companheira, que acabara de chegar do trabalho, foi quem me acompanhou em mais esta etapa. A sua calma, como sempre, tentava me fazer tranquilo, mas as dores aumentavam e eu não conseguia me segurar.
- Precisamos investigar – disse o médico que estava de plantão naquele turno. – Vamos fazer exames de sangue, urina, radiografia, ultra-sonografia e tomografia computadorizada.
Tudo foi feito às pressas para saber o porquê do meu intestino não estar fazendo seu curso completo, ficar obstruído e trazer tanto desconforto ao organismo todo.
- Quantos anos o senhor tem? Já fez outras cirurgias? Alimenta-se bem? Fuma? Usa bebida alcoólica? Infelizmente vamos ter de internar para uma intervenção cirúrgica. O senhor sabe dos riscos? Quem está acompanhando o senhor? Tem que ser imediatamente. Vamos encaminhá-lo para o setor, o senhor pode ir sozinho?
 - Quatrocentos e dez. Já está reservado para o senhor. Pode aguardar que a moça vem lhe buscar.
As palavras iam sendo assumidas, as ordens cumpridas parecendo que eram rotinas conhecidas que levavam a um destino também conhecido.
Ao meu lado, a minha grande companheira disfarçava o seu choro para me deixar mais confiante. A nossa tristeza refletia outras situações já passadas no mesmo hospital. No entanto, agora levavam a riscos maiores e as expectativas podiam não ser muito boas.
Foram seis dias de ações involuntárias, toleradas por uma força interior que superou todas as expectativas. Agora sentado no sofá da sala, eu vejo o ambiente e digo: não parece que aconteceu tudo.  Meus amigos se revezam a me visitar, cada um de sua forma trazendo um conforto a mais. O telefone toca e mais uma resposta: minha missão não terminou, eu ainda tenho muitas alegrias a viver e muitas ações a fazer.
Eu ainda preciso achar um jeito de mostrar ao mundo que a maneira certa de viver é amando. Amar a cada momento de vida, a cada situação de alegria, a cada filho, a cada amigo, a cada almoço, a cada lanche, a cada poesia, a cada crônica escrita, a cada livro lido, a cada história contada.
Eu quero deste meu jeito simples de viver poder mostrar que a paz só existe se for acompanhada de um bom relacionamento. Relacionar-se bem com as pessoas é ser sincero o bastante para agradar e ser fiel o bastante para conquistar.
Eu sei que ainda tenho muita coisa a fazer: quem sabe conhecer um pouco mais sobre Deus, um pouco mais sobre a natureza, um pouco mais sobre os animais, um pouco mais sobre os homens. Tudo sobre mim. Sei que ainda estou no começo do meio e muito longe do fim.
Tenho plena convicção que a minha vida ainda está plena e ativa. Se eu não posso cavucar a terra para plantar a semente, eu posso com certeza aspergir água nas plantas já crescidas.  Se eu não posso colher e transportar os frutos, eu posso com certeza reunir as pessoas para o banquete.
E quero ainda conhecer um mundo mais justo. Que as pessoas olhem umas para as outras com o desejo de que sejam felizes.  Que as pessoas se vejam no outro e possam compartilhar conhecimento, espaço, carinho, afeição, aconchego e amor. Que elas, em cada degrau do seu poder e em cada piso de sua subordinação, possam ser justas nas ordens e inteligentes no cumprimento, justas nas ações  e coerentes na aceitação, justas com a natureza e inteligentes com a vida.

Paulo Carvalho de Freitas
Agosto de 2011