... E O HOMEM CRIOU DEUS!

Um dia a paz reinava no mundo e tudo era belo e silencioso.



Deus criou o homem e ficou feliz.

Ele com a sua sabedoria, encantou as florestas com os pássaros para entoar nossos ouvidos com suas melodias; vislumbrou as montanhas com rios e cachoeiras para encantar nossos olhos; acendeu o sol com a sua luz de energia para regenerar a vida; soprou a brisa para acalentar a luz do sol. E a natureza respondeu produzindo alimentos.




E o homem criou Deus.

Um Deus que avança na ambição, que recolhe dinheiro em sacolas, que desmata, queima, aprisiona.

Um Deus que grita, estanca, polui, que mata.



Onde está o verdadeiro Deus?

O Deus que me deixa pegar frutas no cerrado, observar os pássaros da florestas, os animais nos pampas.
Comer jatobá, macaúba, mangaba, barú, ananais, pequi, araticum e gabiroba.

Saborear amoras colhidas na ribanceira, os veludos e azedinhas nos grotões da mantiqueira.



Eu quero o meu Deus de volta. Ele sim é capaz de transformar a sua propria criação para inverter o invertido, e fazer para mim um mundo mais divertido. Com pessoas que sorri, que conta história, que pula e se emociona.



Eu quero de volta o meu Deus...


Paulo Freitas/2010





terça-feira, 30 de junho de 2015

23 de junho de 2015

Meu nome é Guilherme de Arruda Carvalho Freitas, sou filho do Paulo, criador e escritor de tudo o que já foi publicado aqui neste blog. Após lutar muito para vencer uma doença implacável, meu pai descansou na última terça-feira, deixando um vazio muito grande nas nossas vidas e também na arte das palavras, da qual sempre foi admirador e executor.

Nunca conseguirei produzir algo semelhante ao que ele, em uso de toda a sua sensibilidade e história de vida, conseguiu escrever. Mas queria deixar aqui registrada a poesia que escrevi por ocasião desse momento difícil. Deixo meu humilde texto como a homenagem justa e simples que Paulo merece, um homem que gostava de poesias, de gente, de natureza e da vida.

Estas linhas dedico a minha mamãe Beatriz, uma guerreira incansável que nunca abandonou a esperança e fez de seu amor incondicional o combustível mais intenso para seguir caminhando mesmo diante de fardos pesados. Obrigado, Senhor, pela alegria de ser filho dessas duas pessoas maravilhosas!

Aproveito para convidar os seguidores deste blog para estarem conosco na missa de 7º dia que se realizará nesta quarta-feira, dia 01 de julho, às 20h, na igreja católica do Parque Santa Bárbara.


23 de Junho de 2015

Uma terça, que eu nunca esqueça
Foi nesse dia que você partiu
Com linhas sofridas, letras doídas
Quero falar do muito que você viu

A vida é curta se não vivemos
Se deixamos que ela se vá
Mas você, meu pai, todos sabemos
Teve da vida o que ela tinha pra dar

Nasceu na roça, Paulinho foi Neno
Cada aventura que eu escutava!
Lá em Dorcinópi, desde pequeno,
Aprender era tudo e ele estudava

Lutou muito para ter um bom futuro
Na imensa Campinas, precisou se virar
Não teve vaga em que não desse duro
Engraxate, guardinha, até militar!

Quando o amor veio, incerteza não havia
Com essa seria casamento
Tornou-se marido, esposo da Bia
Os dois filhos, cada um, em seu momento

Com Beatriz, garantiu a comida na mesa
Sempre se virando, sendo mais do que pai
Perueiro, diretor, secretário... Com certeza!
Trabalho é digno em qualquer lugar

Foi quando a doença, peça do destino
Veio de súbito um preço cobrar
Passou a rasteira, já não era aquele menino
Mas soube dela forças tirar

Anos mais tarde, condição piorando
Tudo que fazia, precisou deixar
O homem alegre, ativo, foi levando
Até que sozinho já não podia mais lutar

Minha mãe foi guerreira, força incrível!
Lembro daquele susto, ela o fez retornar
Ontem, mesmo diante do impossível
Ainda queria mais tempo lutar

Sim, Paulo venceu a doença!
O orgulho é muito, o quanto superou!
Sabe quando a emoção foi mais intensa?
Em meu casamento, foi muito forte, uma maratona ele andou

Obrigado por ser meu melhor amigo, meu grande companheiro
Por ensinar quase tudo que devia saber
No diploma, está escrito só engenheiro
Escoteiro, escritor, político, vicentino,
Esse é você!

Quando fui jovem, te amar era empecilho
Hoje, sem dúvida, posso a todos dizer:
Nas lembranças, histórias, na visão do filho
Não houve nada que você não pudesse ser

Te amo



domingo, 5 de maio de 2013

ESCOTISMO: DIA DE ACAMPAMENTO


Oito horas da manhã e os jovens começam a chegar ao local do acampamento. Mochila nas costas, sorriso no rosto, ansiedade no coração.
No horizonte o sol tenta se mostrar entre as nuvens que ainda persistem em atrapalhar o sonho de um dia bonito e cheio de aventuras.
Um coral de insetos ainda é ouvido entre as folhas de dos eucaliptos e a grama rasteira que margeia o alambrado do campo reservado para montagem das barracas. Um pássaro de peito amarelo e topete vermelho vem se assentar no galho do pinheiro que se coloca inclinado mostrando a resistência de suas raízes apesar dos vendavais que assolam o seu tronco nos verões e outonos de chuvas fortes. Será um pica-pau? Não deu tempo para verificar, outros da mesma espécie chegam e o bando levanta vôo e se movimentas para outras árvores do derredor.
Alguém passa com as bandeiras nos braços, e uma fila de meninos uniformizados se coloca à disposição para ajudar na colocação das bandeiras nas adriças para hasteamento.
O sol se fez presente, ainda um pouco tímido, mas com jeito imponente pronto para por em jornada as nuvens que rondam o céu.
Três apitos se ouvem como um grande chamado. Vai iniciar a brincadeira com a seriedade de um modelo patriota de formação de caráter. Com a formação quase militar, os meninos e meninas se colocam em fila indiana em movimentos de braços e bastonetes e com palavras de ordem que são proferidas num tom alto e determinado:
- Patrulha, cobrir. Monitor, patrulha pronta. O grito!
- Chefe, Patrulha Andorinha se apresentando.
- Descansar...
A cerimônia de hasteamento das bandeiras é simples, mas de muito respeito.
- Hoje é a meio mastro, estamos de luto oficial.
- Em saudação às bandeiras, hastia!
Sob os olhares silenciosos do grupo, as bandeiras deslizam até o topo do mastro e descem em posição.
- Descansar!
Muita energia exala de cada jovem. A vontade de fazer as atividades do dia propõe a cada um uma sequência de ações que é orquestrada por uma disciplina conquistada ao tom de pequenas ações. O trabalho em grupo é a principal ferramenta de trabalho dos monitores e chefes.
Barracas, cozinha, portais, pioneirias, de repente o terreno vermelho de terra batida ganha cores e movimentos de vida. Sisais e bambus se transformam em cercas, mesas, e muitos objetos de uso coletivo. Estruturas amarradas viram espaços cobertos com grandes lonas prontas para montagem das cozinhas e intendências.
Com a utilização de conhecimentos adquiridos no adestramento de cada especialidade, os jovens se tornam capazes de fazer coisas básicas como cozinhar alimentos básicos, prestar socorro, utilizar ferramentas de mão, orientação através de bússola e sinais naturais, reconhecer insetos e animais silvestres bem como os bichos peçonhentos da natureza.
Diversão e jogos intercalam as cobranças de atitudes e o peso da aprendizagem fica ameno.
Após o jantar, os esquetes do fogo de conselho sugerem uma dinâmica própria de desencantamento e desinibição induzindo ao drama, histórias do cotidiano e mensagens ligadas ao tema escolhido vão sendo contadas de forma cômica e divertida fazendo sorrisos e gargalhadas brotarem nos rostos avermelhados dos jovens expostos ao calor da fogueira que dançam em labaredas orquestradas pelo vento.
O equilíbrio pondera os erros, a técnica de aprender fazendo, conquista segurança no trabalho a ser feito, como nas decisões a serem tomadas. O respeito ao individuo e os valores inerentes a cada etapa da formação da personalidade, vão sendo inseridos no pequeno cidadão de forma simples e sem traumas.
A previsão de chuva acelerou o processo de desmontagem das barracas. Alguns reclamam o final da atividade outros reclamam a saudade de casa, mas enfim todos se orgulham da soma dos pontos conquistados nas diversas inspeções e apresentações das patrulhas.
Ao toque de três apitos é traçado mais um final.
 As condecorações entregues emocionam aos jovens e aos pais. As conquistas são como troféus dispostas no uniforme a representar uma caminhada passo a passo nas trilhas de Badden Powell.
- Chefe Patrulha pronta.
- Arrear a bandeira.
- Descansar
- Debandar
O caminho de casa é a busca de ao banho de ducha e ao chocolate quente preparado com carinho pela mamãe. Mas ficarão presentes em suas memórias estes momentos com certeza serão contados ou escritos como histórias em algum lugar do futuro.
Jovens: de malas prontas para viajar em busca do comando do mundo.
Escoteiros: um bilhete comprado e marcado para seguir nas alegrias de muitas aventuras e fechar com a responsabilidade de preservar o que resta da natureza.


Paulo Freitas
14/04/2011

sexta-feira, 25 de janeiro de 2013

VIDA DIVIDIDA

Vida dividida, indefinida
Pões os pés rotos na estrada esburacada
Este caminho que se fecha,  como uma paisagem na miragem.

Vida dividida, indefinida.
Caminhas lentamente, sem destino em desatino
Carregas nos ombros peso imenso da massa dessa carcaça.

Vida dividida, indefinida.
Não se explica o efeito, se tudo foi feito direito
Na sobriedade de pensamentos, isento de sentimentos.

Vida definida, dividida.
Entre o amor sem cobranças, e o ódio das lembranças
Mágoas de vivência interrompida, choro e lágrimas contidas.

Vida cumprida, definida.
Encontre motivação, em cada ação e o amor em cada coração
Virtudes em tempo de crescimento, sorrisos em cada momento.

Definida a vida já cumprida.
Conquistastes  uma nova estrada, planejada
Novos sonhos de recomeço, uma nova vida sem tropeços.

Paulo Freitas
Dez/2011

A MAGIA DE UM ABRAÇO

Um cachorrinho perdido, com seu corpinho ferido,
Geme a dor do maltrato de  um povo insensato,
Treme pedindo o calor, e um pouquinho de amor,
De um abraço imediato.

Se uma criança recém-nascida, totalmente desprotegida.
Com seu corpo pequenino, tão frágil e tão franzino,
Pede no olhar um carinho, num abraço apertadinho,
Como um afago divino.

Se uma criança abandonada, sem destino sem morada,
Que suas dores atenuam, dormindo em becos da rua.
Traz dentro do  seu regaço, o desejo de um  abraço,
Para cobrir a vida nua.

Se uma idosa está sozinha, pensativa tão quietinha.
De repente em um sorriso, tão sincero, tão conciso
Solicita um grande abraço, sorridente erguendo os braços,
Como sinal de aviso.

Se uma alma deprimida, magoada e  ressentida
Um coração com muita dor em sua vida sem valor,
Pede um abraço, ombro amigo, para lhe servir de abrigo
O desabafo de amor.

Esta força que os anima, que emana como num imã,
Incorporando  energia, quando a corrente desvia,
Tornando o fluxo  escasso. Somente  a força do abraço,
A repõe como magia.

Paulo Freitas
10/05/2011

quinta-feira, 3 de janeiro de 2013

GENTILEZAS NO TRÂNSITO



Procurando vaga pelo estacionamento de um Shopping em Campinas, encontramos um casal que estava de saída com seu veículo e resolvemos parar para aguardar a vaga que iria com certeza ser disponibilizada.
Minutos depois parou atrás de nós, um veículo que também procurava uma vaga para seu carro e também ficou à espera. Ao perceber que o nosso carro atrapalharia a manobra do veículo que saía, engatei marcha ré e solicitei ao veículo de trás que fizesse o mesmo para liberar a passagem para o ocupante da vaga, o que não foi atendido.
Após esta conduta do motorista, resolvi adiantar o carro por alguns metros e assim entrar de ré na vaga, liberando a manobra para o veículo retirante. Quando a vaga foi liberada, e ao iniciar a entrada no espaço, o veículo que estava parado atrás, numa manobra rápida e deseducada, adentrou na vaga com um movimento brusco, quase que abalroando o nosso para choque.
- Que sem educação! Gritei.  – Que falta de respeito! - emendou a Beatriz. Vou anotar a placa deste sujeito e denunciá-lo...
A minha vontade era de sair do carro e falar umas boas verdades para aquele elemento desclassificado, mas me contive e após respirar três vezes, concluí:
- Melhor não, deixe quieto. Vamos embora procurar outra vaga. Temos muitas chances ainda de encontrar um espaço neste estacionamento.
Após algumas voltas sem sucesso, já íamos desistir da área coberta, quando um casal de meia idade chamou a nossa atenção, dizendo:
- Eu vi o que aconteceu com o senhor! Tem que ter muita calma e sangue frio para não tomar uma atitude enérgica com o “cidadão”. Quase que eu saio nos tapas com o rapaz por sua causa. O senhor merece o meu respeito e este mal educado a minha resignação.
- Estou esperando o senhor passar por aqui ha cinco minutos, pois eu vou sair e quero que o senhor ocupe a minha vaga. Vou ficar lhe esperando e só sairei quando o seu carro estiver estacionado.
E assim foi. Uma pessoa, que não sei o nome, pediu para sua esposa tirar o carro da vaga e ficou de pé no meio do estacionamento me ajudando a manobrar o carro para entrar na vaga que havia a pouco desocupado.
Após ter me ajudado a estacionar, o benfeitor olhou para mim e disse:
- Até logo, boas compras , feliz Natal e Próximo ano novo. E seguiu para o seu carro, que estava logo em frente.
Não deu tempo para agradecer nem de desejar boa sorte, mas deu tempo sim para formar minha opinião sobre sua personalidade, sua criação e seu respeito pelo ser humano.
Só os bons se indignam pelo avesso do que é correto. Se todos se indignasse com as maldades e a insensatez, com certeza seriam menores as violências e os infortúnios.
Tive a sorte de conhecer uma pessoa boa neste final de ano. E onde    quer que ele esteja, e o nome que possui, vou sempre me lembrar de sua disponibilidade e compartilhamento despojado de qualquer orgulho, no meio do estacionamento do shopping me ajudando, uma pessoa que nem sequer sabia o nome.
Bravo! Bravo! Bravíssimo!

Janeiro 2013

quinta-feira, 26 de abril de 2012

HISTÓRIAS NO SESC BERTIOGA



Guiados pela vontade de conhecer o SESC Bertioga, viajamos numa terça-feira rumo ao litoral sul.
O tempo começara bom, iniciamos a viagem por volta das dez horas da manhã e o sol tentava mostrar o seu rosto tímido no céu ainda meio cinzento. Numa parada no restaurante, já na Via Dutra, uma rápida chuva nos livrou do perigo de estar na estrada.
A estrada estava tranqüila e o conforto do GPS nos guiou com algum desacerto até os portões do nosso destino.
Chegamos ao recanto de lazer  dos SESC por volta das quatorze horas, e o cansaço da viagem não nos deixou observar a grandiosidade daquela colônia. Toda recoberta por uma flora nativa, as praças insistiam em se cobrir de folhas, dando aos jardineiros trabalho redobrado na coleta  e na limpeza.
Com um pequeno “tour” depois da portaria, seguimos direto par o restaurante, pois o avançar das horas nos trazia certo vazio  e uma vontade imensa de alimentação.
Conhecer o apartamento foi a penúltima atividade da tarde, pois logo  descobrimos uma lista de atividades diárias, oferecidas pelo  complexo,  que atendiam a todas as idades e gostos,  começando pelas brincadeiras infantis passando por atividades esportivas e físicas  terminando  com trilhas e passeios em pontos ecológicos  e históricos da cidade.
Um rápido passeio na praia nos presenteou com os últimos raios de sol e o seu poente mostrou-nos as belezas das paisagens que circundam a região montanhosa desta cidade.
Um passeio descrito  como trilha das águas estava previsto para quarta-feira  (no dia seguinte) a partir das oito horas da manhã, onde a proposta era de conhecer o ponto de captação de água que abastece toda a estrutura SESC Bertioga. Inscrevemos-nos.
Ainda tínhamos a noite:  conhecemos as lojas, salão de jogos de mesa, informática e auditório e fomos dormir ansiosos para o grande passeio da manhã do dia seguinte.
Amanheceu com um  dia meio chuvoso, o céu cinzento insistia em nos fazer desistir do passeio. O café da manhã nos fez criar mais energia e decidimos que nada nos faria desistir do nosso intento.
Carregando na  mochila água, capa de chuva, boné máquina fotográfica, filmadora e uma fruta, enfrentamos o chuvisqueiro para alcançar a  marquise do restaurante onde o ônibus já estava a postos.
O trajeto do ônibus até o Rio itapanhaú (pedra preta mole) por onde fizemos a travessia, foi rápida e tranqüila. O tempo parecia que ia dar uma trégua, mas os mosquitos insistiam em perturbar o sossego dos trilheiros. Uma boa borrifada de repelente amenizou os males e seguimos em frente.
O clima era de muita expectativa e alegria. Apesar do tempo chuvoso, todos estavam dispostos e com muitas questões sobre todo aquele ambiente novo onde éramos colocados a caminhar.
A equipe do SESC que nos guiava era formada por um Engenheiro Florestal Sr. Juarez, técnica ambiental Sra. Luciana  e um grande conhecedor da região chamado Roberto, mais conhecido como “Queijão” que diz a lenda que quando pequeno era conhecido como “Polenguinho”.
A marca registrada do Mangue é a presença da vegetação diferenciada com raízes submersas e a fauna onde predomina diversas espécies de caranguejo. O mangue era quem dá nome ao Rio, pois o barro preto que prevalece como suporte às plantas e aos animais, era chamado pelos  índios tupis como “pedra  preta  mole”, isto é itapanhaú.
Transpassado o mangue, e mata de restinga, chegamos a outro tipo de vegetação, mais densa   com a predominância de árvores mais altas e palmeiras,  que conforme os nossos especialistas e guias, era a famosa mata atlântica.
A riqueza da flora destas matas nos deixou boquiabertos. Ao longo da trilha podemos observar inúmeros tipos de avencas, samambaias e bromélias.  Muitas espécies de palmeiras e a típica “banana de macaco” que alem de alimento pode ser usada  como planta medicinal.
A beleza da cobertura do solo esconde pequenos insetos e muitas espécies de repteis e anfíbios, que no nosso cotidiano nem pensamos em encontrar. Um olhar atento e observador pode-se descobrir coisas fantásticas.
A terra úmida pelas  gotículas da chuva liberava em nós um cheiro gostoso da relva, que transcendia o nosso olfato para criar em nossas mentes um gostoso retorno à infância, trazendo de volta lembranças das brincadeiras nas corredeiras barreadas das chuvas nas encostas de terra vermelha recém-lavrada para plantação.
De repente alguém encontrou um pequeno animal que transitava pela trilha aos pulos e comunicou ao “Queijão”.
- Roberto, tem um sapinho estranho aqui!
- É uma  perereca. É da família das Polypedatidae, mais conhecida como mini-perereca – disse o Roberto. - Tem muitas espécies delas nesta mata. Existem outras espécies como a Phylomedusa que são muito estudadas no Brasil pelas cores nacionais. São as pererecas verde-amarelas, tão pequenas como o dedo da nossa mão.
Seguindo a trilha das águas, as estórias foram sendo contadas. O  Engenheiro Florestal Sr. Juarez, falou sobre  a influência do SESC Bertioga na vida dos moradores desta cidade. A preocupação incessante em relação  ao meio ambiente, o SESC foi buscar na montanha a captação da água para abastecer colônia  e promover consorcio  com a Prefeitura no  controle do meio ambiente.
O tratamento do esgoto também é uma prioridade do SESC Bertioga, que devolve ao rio a água com 90 % de pureza, com recursos próprios.
O final da trilha é o ponto de captação de água. Como um oásis que de repente surge no deserto, no alto da montanha surgiu uma casinha feita em alvenaria com uma pequena infraestrutura para abrigar um segurança e equipes de manutenção que  permanece vigiada 24 horas por dia. Água pura para os cantis, banheiro para as necessidades básicas e até um cafezinho feito no fogão de lenha  com gosto e  cheiro de casa de caboclo.
Incrustada ao pé de uma pequena cachoeira, a  captação de água é feita por duas tubulações: uma antiga e outra mais recente por onde a água é captada pura no alto da montanha,  fresquinha e transparente como na bica  na nascente.
Na volta, descendo trilha abaixo,  fomos premiados com um banho de cachoeira de vinte minutos que valeu como um exorcismo da poluição que contaminava o nosso corpo. Voltamos tranqüilos  para a sede da colônia do SESC, mais  puros e mais conscientes sobre o  mundo em  que vivemos e sobre a preservação do meio ambiente.
No SESC, as histórias de Bertioga, são contadas através dos passeios como o que aconteceu no dia seguinte quando participamos da trilha do Rio Jaguareguava (Onde a onça bebe água), um dos afluentes do Rio Itapanhaú.
Neste dia o tempo colaborou um pouco deixando o céu mais aberto e com poucas nuvens. O translado com ônibus demorou um pouco mais e a trilha, bem mais curta, seguiu direto floresta de encosta da serra do mar pela mata atlântica. Aos poucos nos embrenhando pela mata e ouvindo histórias e lendas contadas pelo Guia e ex palmiteiro  Genivaldo, que entre outras nos contou  sobre o tempo em que participava efetivamente das coletas ilegais do palmito Jussara que antes eram exploradas por “palmiteiros” profissionais, hoje pela lei é preservada e faz a beleza no interior da mata.
No  final da trilha existe  um amontoado de tijolos com estrutura em concreto, bem às margens do Rio Jaguareguava. Segundo o nosso Guia Genivaldo, neste lugar funcionava um ”porto de areia” onde os empresários invadiam a mata preservada e sugava do leito do Rio areias de construção, interferindo no seu curso, na vida aquática e na mata ciliar protetora das margens e na vida da cidade. Com a aplicação da Lei e a fiscalização dos órgãos competentes os empresários foram expulsos e a natureza seguiu seu curso.
Neste passeio tivemos a oportunidade de conhecer com mais intensidade a exuberância da flora local e influencia do SESC no crescimento do turismo local e  na vida dos caiçaras, que encontrou nesta instituição novas oportunidades de trabalho e de vida.
Entre as histórias de Bertioga está inserida também a História do desenvolvimento e da interiorização  do Brasil que envolve os índios Tupinambás, os navegadores portugueses e o Padre Anchieta. 
Foi num passeio histórico liderado pelo pesquisador Carlos Eduardo de Castro, o Cadú, que viajamos pelos caminhos do Forte de São João  onde nos anos de 1531, travaram-se grandes lutas entre os Tupiniquins e os Tupinambás ( índios antropófagos) que eram aliados dos franceses na ocupação do litoral brasileiro. Entre uma história e um poema, a nossa imaginação voava  séculos no tempo e a descoberta pela verdadeira história do Brasil nos envolvia com lendas pitorescas com nomes como Hans Staden, um alemão aventureiro que ajudou na defesa no nosso território dos franceses e que foi comido pelos índios.
A nossa imaginação viajava ainda pelos arcos e flechas e das grandes invasões europeias,  quando o nosso  Cadú navegou pelos Porões das embarcações escravagistas  e trouxe à tona o tempo do comércio de escravos e fechou com a beleza do poema de Castro Alves: “O Navio Negreiro”, ambiente nacional que deu sequencia ao ciclo econômico do Brasil da Cana de Açúcar.
Voltamos para a Colônia com uma visão diferente da nossa história e com um desejo enorme de aproveitar também os dias de calor que o astro rei nos proporcionou nos últimos dias de nossa estada, que nos glorificou com a saúde do corpo, purificação da alma  e engrandecimento da mente.

Paulo Freitas
Janeiro / 2012

quarta-feira, 1 de fevereiro de 2012

PADRE JEAN: DOIS ANOS DE ORDENAÇÃO



Para falar de uma pessoa é preciso muito senso e muita atenção. Para falar de um padre, a  sensibilidade deve ser multiplicada.
Hoje é um dia especial, e nós fomos escolhidos para homenagear um padre  que antes de tudo é uma pessoa. Uma pessoa que está construindo uma história de dedicação religiosa  principiada na corajosa Nação do Haiti.
O país do Haiti sofreu no mês de janeiro de 2010  um grande terremoto causando grandes danos em sua capital  Porto Príncipe e em outros locais da região.  Muitas vidas foram ceifadas e muito do seu patrimônio destruído.
No meio a tanta tragédia, este país  dava neste mesmo período, de presente ao mundo, a ordenação de um jovem padre que tinha a missão  como sua principal meta e a juventude como seu principal rebanho a ser pastoreado.  E o Brasil tirando a sorte grande,  foi o anfitrião deste missionário, o Padre Jean, que após uma temporada no Estado do Acre, chegou a nossa comunidade com muita disposição para o trabalho e para crescer como ser humano e como igreja.
Aqui fez muitos amigos, conquistou muitos corações e formou nesta  região  um bloco de alegria que fez desta paróquia uma das mais atuantes de Campinas.
O padre Jean, que completa hoje 2 anos de ordenação, prima pela sua alegria de viver e pelo sorriso sempre presente e dentro de sua cultura haitiana, agregou às suas preferências musicais e artísticas o forró, que representa o nosso nordeste brasileiro.
Como reflexão, deixamos um pensamento do Padre Antonio Vieira: “Para falar ao vento bastam palavras. Para falar ao coração, é preciso obras”.
Obrigado Padre Jean, que a sua alegria seja contagiante e contamine  com o vírus do bem os nossos corações e as nossas vidas.

Parabéns!