... E O HOMEM CRIOU DEUS!

Um dia a paz reinava no mundo e tudo era belo e silencioso.



Deus criou o homem e ficou feliz.

Ele com a sua sabedoria, encantou as florestas com os pássaros para entoar nossos ouvidos com suas melodias; vislumbrou as montanhas com rios e cachoeiras para encantar nossos olhos; acendeu o sol com a sua luz de energia para regenerar a vida; soprou a brisa para acalentar a luz do sol. E a natureza respondeu produzindo alimentos.




E o homem criou Deus.

Um Deus que avança na ambição, que recolhe dinheiro em sacolas, que desmata, queima, aprisiona.

Um Deus que grita, estanca, polui, que mata.



Onde está o verdadeiro Deus?

O Deus que me deixa pegar frutas no cerrado, observar os pássaros da florestas, os animais nos pampas.
Comer jatobá, macaúba, mangaba, barú, ananais, pequi, araticum e gabiroba.

Saborear amoras colhidas na ribanceira, os veludos e azedinhas nos grotões da mantiqueira.



Eu quero o meu Deus de volta. Ele sim é capaz de transformar a sua propria criação para inverter o invertido, e fazer para mim um mundo mais divertido. Com pessoas que sorri, que conta história, que pula e se emociona.



Eu quero de volta o meu Deus...


Paulo Freitas/2010





quarta-feira, 4 de maio de 2011

O RESTAURANTE DO MESTRE

O Mestre determinou: convite era para montar um grande restaurante onde pudessem servir clientes especiais.
Muitas pessoas  foram visitadas e convidadas a se tornarem sócias do empreendimento, mas  apenas dez famílias aceitaram o  convite, pois era preciso ter um currículo aceitável para esta tarefa. 
Uma reunião foi marcada para discutir as regras e a assinatura do contrato.
Sorrateiramente , de dois em dois, foram chegando à sala de reunião. Ressabiados foram sentando-se em silencio. Vindos de diversos lugares e cidades, estranhos na convivência, mas conhecidos por causa da caminhada. O Mestre coordenava tudo e todos buscavam o mesmo objetivo.
De repente alguém fez uma piada e o gelo foi quebrado. Aquela sala toda branca  começou a tomar cores de sorrisos, alguns meio amarelados no inicio ou um pouco contidos, mas todos com vozes e gestos que indicavam a disposição de acalorar um pouco mais aquele ambiente.
O Mestre chamou: vamos convocar o espírito de união e com  fé buscar entender qual será a missão dessa organização. De mãos dadas aquele grupo se sentiu mais unido e as energias circularam entre as mãos e foram ao coração e de lá se espalharam através dos olhares, dos gestos e das palavras e contaminaram a todos.
Os clientes já aguardavam e os sócios precisavam iniciar o serviço. Os ingredientes estavam dispostos e as ferramentas disponíveis.
Os movimentos na área de trabalho começaram tímidos e foram ritmando à medida que o Mestre determinava cada missão.
O calor do ambiente não era o maior que o calor humano que emanava de cada um. Cada qual com sua habilidade manuseavam ferramentas para preparar, organizar, separar, arrumar, mexer, decorar. Outros com mais paciência se colocava à disposição para ensinar.
Em cada atividade executada, histórias de vida eram contadas e o envolvimento entre as pessoas crescia a cada momento. A cada pergunta e a cada resposta os perfis foram montados e muitas vezes admirados pela coragem, pela perseverança, pela fé, pela alegria de viver.
No plano de ação, o Mestre pedia que os meios de produção fossem simples e os ingredientes usados fossem de boa qualidade. Que a simplicidade se exteriorizasse também nas pessoas e nas ações. Assim tudo foi feito a vinte mãos, humildemente e caprichosamente dentro das expectativas e a qualidade foi tão especial que os clientes esbanjaram satisfação.
E os vinte sócios, agora todos amigos, resolveram, através da musica, exteriorizar suas alegrias. Assim, ensaiaram exaustivamente musicas de exaltação e se dispuseram, desafinados ou não, se exporem perante todos os clientes  e apresentarem suas aptidões.
E foi lindo, não pelas vozes ou pela afinação, mas pela homenagem e pelo retorno  que ela causou.
O Mestre disse:  muito obrigado. E todos se curvaram  em reverencia. Em cada rosto de cada cliente o olhar de  surpresa, e em cada sócio trabalhador a satisfação do dever cumprido.  
O Grande restaurante foi desmontado, mas os sócios, agora amigos, seguiram se encontrando  para sempre. E o Mestre foi o elo desse encontro.

Paulo Freitas
Maio/2011

Nenhum comentário:

Postar um comentário