... E O HOMEM CRIOU DEUS!
Um dia a paz reinava no mundo e tudo era belo e silencioso.
Deus criou o homem e ficou feliz.
Ele com a sua sabedoria, encantou as florestas com os pássaros para entoar nossos ouvidos com suas melodias; vislumbrou as montanhas com rios e cachoeiras para encantar nossos olhos; acendeu o sol com a sua luz de energia para regenerar a vida; soprou a brisa para acalentar a luz do sol. E a natureza respondeu produzindo alimentos.
E o homem criou Deus.
Um Deus que avança na ambição, que recolhe dinheiro em sacolas, que desmata, queima, aprisiona.
Um Deus que grita, estanca, polui, que mata.
Onde está o verdadeiro Deus?
O Deus que me deixa pegar frutas no cerrado, observar os pássaros da florestas, os animais nos pampas. Comer jatobá, macaúba, mangaba, barú, ananais, pequi, araticum e gabiroba.
Saborear amoras colhidas na ribanceira, os veludos e azedinhas nos grotões da mantiqueira.
Eu quero o meu Deus de volta. Ele sim é capaz de transformar a sua propria criação para inverter o invertido, e fazer para mim um mundo mais divertido. Com pessoas que sorri, que conta história, que pula e se emociona.
Eu quero de volta o meu Deus...
Deus criou o homem e ficou feliz.
Ele com a sua sabedoria, encantou as florestas com os pássaros para entoar nossos ouvidos com suas melodias; vislumbrou as montanhas com rios e cachoeiras para encantar nossos olhos; acendeu o sol com a sua luz de energia para regenerar a vida; soprou a brisa para acalentar a luz do sol. E a natureza respondeu produzindo alimentos.
E o homem criou Deus.
Um Deus que avança na ambição, que recolhe dinheiro em sacolas, que desmata, queima, aprisiona.
Um Deus que grita, estanca, polui, que mata.
Onde está o verdadeiro Deus?
O Deus que me deixa pegar frutas no cerrado, observar os pássaros da florestas, os animais nos pampas. Comer jatobá, macaúba, mangaba, barú, ananais, pequi, araticum e gabiroba.
Saborear amoras colhidas na ribanceira, os veludos e azedinhas nos grotões da mantiqueira.
Eu quero o meu Deus de volta. Ele sim é capaz de transformar a sua propria criação para inverter o invertido, e fazer para mim um mundo mais divertido. Com pessoas que sorri, que conta história, que pula e se emociona.
Eu quero de volta o meu Deus...
Paulo Freitas/2010
terça-feira, 31 de agosto de 2010
A Gotinha Mágica
No vapor do calor
A planta padece
Um véu cobre o céu
A terra escurece.
Então se renova um novo sertão
Da flor de repente
A semente é o pão .
O verde sem sede
Renasce contente.
O broto no toco
É nova semente.
Então se revive a vida no chão .
A flor de repente
A semente é o pão
Cai a gotinha na sua folhinha
Plim, plim, plim, plim
Plim, plim, plim,plim.
O calor se expira e a planta respira
Ah! Ah! Ah! Ah!
Ah! Ah! Ah! Ah!
quarta-feira, 25 de agosto de 2010
O grão de areia
Na estrada que liga Caconde à Divinolândia, duas cidades próximas à Poços de Caldas, observei uma placa de indicação para uma certa " Praça do Mirante" e resolvi desviar do caminho para conhecer o tal ponto turístico.Cravado na Serra da Mantiqueira, à mais ou menos um quilômetro da estrada e onze quilômetros de Caconde, o local foi presenteado pelo pode público com uma estrutura em forma de observatório, donde pode-se enxergar a vida e a natureza num raio de dezenas de quilômetros em todas as direções.
Uma série de vales e montanhas e grande porção de água represada pela Empresa Furnas, deslumbra pela beleza de um horizonte cada vez mais belo, com veios de plantações de café, batata e cebola. Observando os pontos mais distantes notamos sempre o encontro do céu com as pontas dos morros mais altos, nos tirando o poder de ver mais longe.
Esta realidade maravilhosa da natureza nos faz repensar o nosso pequeno tamanho em relação à grandiosidade do poder da criação divina.Quantas vezes passei por aquela estrada cheia de curvas e barrancos e não consegui sequer imaginar o imenso poder do universo de criar e destruir. Imaginei o sol escurecendo e fazendo-se noite e olhei para o céu azul imaginando o espetáculo que ele nos proporcionaria à noite com seus pontos de luzes entre estrelas, planetas e meteoritos a se moverem.
Imaginei se este mesmo sol, responsável pela criação do verde, da vida, da energia, se movesse um pouquinho mais em nossa direção com seu calor intenso. Que destruição teríamos na Terra: as águas se transformariam em vapor, a terra se tornaria um imenso deserto e todos os seres vivos sofreriam completa mudança de comportamento e destruição.
Assim como a natureza, os homens também podem, dentro de sua pequenez, construir ou destruir, ajudar ou prejudicar, amar ou odiar, participar ou se esconder. Idéias inovadoras podem parecer fantásticas ao primeiro olhar ou percepção, mas se olharmos nos seus horizontes, nas suas nascentes, talvez descubramos o fator destrutivo que elas trazem no seu âmago.
Quantas leis ou idéias nossos representantes do governo aprovaram em nome do desenvolvimento e da modernidade que estão se transformando o nosso lugar de viver (Brasil) num próspero mundo de ignorância, violência, de destruição da natureza e do próprio homem.
Mas apesar dos homens, o Criador, dentro de sua grandiosidade, pode atender às nossas orações e fazer com que os cidadãos da nossa terra possam: participar mais, escolhendo pessoas mais sábias da lei divina; construir mais conhecendo as prioridades do mundo; amar mais sentindo no coração o desejo de ser solidário.
Porque a Terra é apenas um grão de areia neste universo sem fim e o homem é um microorganismo que se multiplica sem controle e se fortalece bombardeando ações em todas as direções do cosmo.
Uma foto eternizou aquele momento e seguimos viagem em busca do nosso destino.
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A JABUTICABEIRA
Um dia eu plantei uma jabuticabeira no meu quintal e quando ela soltou as primeiras folhinhas sob os meus cuidados, pensei:
- Puxa, vai demorar sete anos para que eu possa colher algumas frutinhas dessa árvore...
E a árvore cresceu um pouco. No ano seguinte já soltava os primeiros galhos e eu já aproveitava de sua sombra.
Todos os dias eu a via com folhinhas novas, a refrescava com água fresca e a saudava com palavras de ordem:
- Cresça logo, seja forte!
Meus filhos vendo-a forte e vigorosa começaram a cuidar dela também.
E ela cresceu e tantas coisas aconteceram.
Depois de um trágico momento de minha vida e passar por uma quarentena no hospital, voltei para casa deprimido e achei que não podia mais cuidar da minha jabuticabeira, mas ela respondeu com uma nuvem branca de flores perfumadas e me saudou com uma palavra de ordem:
- Seja Forte! Você um dia ainda vai subir nos meus galhos para colher os meus frutos.
E assim foi...Ontem eu amarrei a rede em um de seus galhos, aproveitando de sua sombra, fechei os olhos preguiçosamente e pensei:
- Um dia eu te plantei pequenina e afaguei suas pequenas folhas e hoje você me sustenta em teus braços. Desculpe por não ter braços tão grandes para acariciar toda a sua grandeza. Só posso dizer: - Muito obrigado...
E ela respondeu com um silencio misterioso de paz, e eu adormeci sentindo o afago do frescor do balançar de suas folhas.
terça-feira, 24 de agosto de 2010
UMA SABIÁ FEZ NINHO NO MEU QUINTAL
Acordei às seis horas da manhã desta terça-feira, e, com minha cabeça ainda no conforto do meu travesseiro de “penas de ganso”, ouvi ao longe, o canto de uma sabiá.
- Parece que estamos na roça! – Pensei.
Fazendo a higiene matinal, ainda conseguia ouvir aquele canto característico, cada vez mais perto e mais longo.
- Ele deve estar procurando uma companheira. – Pensei.
Imaginei a solidão de um passarinho a cantar, procurando alguém que lhe oferecesse um pouco de carinho e calor nas noites frias deste inverno. Talvez estivesse cantando a tristeza de uma viuvez precoce, provocada por um desnaturado inimigo da natureza, que para sua alegria pessoal e egoísta, houvesse capturado a sua companheira.
Continuei a ouvir. Da janela do quarto entreaberta, pude perceber que aquele canto melancólico melodioso vinha talvez do nosso pé de ipê. Fiquei atento para observar a ave que tão raramente víamos em nosso quintal urbano, mas não consegui, apenas continuei a ouvir o seu canto, enquanto preparava o café da manhã antes de seguir para o trabalho cotidiano.
As melodias dobravam em notas singelas de chamado, mas nenhuma nota se ouvia em resposta.
Depois do trabalho ao entardecer, ainda ouvi o triste cantar daquele pássaro e então pude observá-lo rondando o meu quintal com seu bico a gorjear frases irreconhecíveis ao nosso ouvido, porém com notas muito mais intensas, mostrando a sua insistência na busca de sua parceira.
Na quarta-feira de manhã, mobilizamos toda a família para ficarmos atentos ao pássaro. Não foi difícil encontrá-lo pousado na jaboticabeira a gorjear. A surpresa porém foi muito grande, quando lá estavam, não apenas uma ave cantando feliz, mas outras três companheiras já buscavam a solidariedade daquela alma.
Ficamos muito mais felizes ainda, quando percebemos que os dois casais, sim, os dois casais, procuravam insistentemente sobre as folhas da palmeira imperial, um lugarzinho para construírem seus o ninhos de amor.
Com a câmera em punho, rastreamos o seus movimentos e com ela capturamos sua insistência em mostrar para sua nova companheira o lugar que escolhera para viverem felizes para sempre.
Como nós, seres humanos, este sabiá busca a felicidade. Mas para nós há um sério agravante: não sabemos cantar a melodia certa para o chamamento da cara metade.
Quantas pessoas saem à noite para as baladas à procura de um companheiro ou companheira, que as façam felizes de verdade. Não sabem cantar a melodia do encontro e se sujeitam a cantar qualquer música atraindo indesejáveis companhias.
Quantas pessoas infelizes choram sua tristeza, por trás de uma dezena de beijos equivocados, de uma noite banhada de melodias alcoólicas? Quantas pessoas fazem chorar quando tentam cantar, sem saberem direito o canto e se perdem precocemente no óbito de acidente ou drogas? Quantas almas são perdidas. Quantas vidas...
Tem uma família de sabiá na minha casa. Eles construíram seus ninhos nas árvores do meu quintal.
(Fotos: Maria Beatriz)
O PREGO
A vidas nos proporciona momentos de pequenas e deslumbradas reflexões.
Num sábado ensolarado de maio, perto das três da tarde, convidei a minha esposa e companheira para dar um passeio, com o intuito de aproveitar algumas ofertas no supermercado encontradas num suplemento de jornal. Nos primeiros metros do percurso, descobrimos que a gasolina estava no final e decidimos desviar do caminho e completar o tanque.
- Se o senhor quiser lavar o carro, pode encostar ali embaixo. Não tem fila nenhuma - o frentista falou olhando o carro de cima em baixo.
Ele estava com toda razão, pois o nosso carro estava precisando de uma bela ducha. E aquela oportunidade era única e não podíamos perder.
Encostamos o carro perto do lavador e ficamos a observar o homem a esfregar uma velha Caravan que por mais que a lavagem fosse no capricho nada mudaria a sua performance.
- Vamos dar uma volta - convidou a minha esposa. Penso que deve demorar um pouco.
Saímos a caminhar em volta do posto e encontramos dois paralelepípedos, previamente dispostos ao lado do muro, que nos convidava a sentar. Ao aproximarmos, avistei um prego que se escondia entre as pequenas gramídeas que crescia entre os losangos de concreto que calçava o chão. Sentei-me e apanhei aquele objeto e fiquei a imaginar como aquele prego, que a tanto tempo estava escondido entre as pedras e os arbustos, fosse chamar a minha atenção. As mãos ficaram amareladas por tocar ferrugens que já tomavam conta de toda a sua superfície. Era um prego grande, daqueles usados para fixar o madeiramento do telhado da casa. Era ainda sem uso.
Observando o prego, o comparei à uma situação vivida por mim à algumas semanas quando uma pessoa, em uma conversa informal de assuntos comerciais, sentiu abertura par contar uma história de sua vida que me deixou perplexo, pois não podia imaginar, uma pessoa que via todos os dias, estivesse passando por tamanha dificuldade sem que meus olhos pudessem enxergar ou meus reflexos perceber.
Depois daquela história, ficamos amigos e falamos da vida, das coisas puras. Falamos da família e do respeito. Falamos do mundo e dos sofrimentos . Falamos de gente e das emoções. Falamos pecados e de perdões. Falamos de Deus e da fé.
Aquela pessoa, como o prego, estava ali o tempo todo, querendo ser "achada" e ninguém conseguia encontrá-la. Até que num revés da vida, uma olhada mais tênue, mais tranqüila ( talvez sem muito compromisso), conseguimos nos ver prontos a nos olhar por inteiro e se tocar nas emoções ( até manchar um pouco as mãos, como no prego), e descobrir que podia levá-la a um local seguro onde ela poderia ser útil.
Assim como o prego que de novo pudesse ser conduzido à sua função definida, ela agora poderia ser novamente gente e pudesse ser conduzida a estrada reta e ser vista por todas as pessoas: de cabeça erguida e de peito aberto.
Eu encontrei um prego e posso dar a ele um destino útil ao mundo.
Eu encontrei uma pessoa que estava perdida e com um pouco de carinho, um pouco de ombro, um pouco de ouvido, a fiz ser útil a si mesma.
- A velha Caravan ficou pronta, já é nossa vez.
- Olhe, eu achei um prego... Vou levá-lo...
MEU SEGUNDO ANIVERSÁRIO
Era festa tanta gente, barulhos gritos, risadas.
Crianças tão diferentes, todos estavam contentes
Chamavam por mim: venha cá!
Pra você, carros, presentes.
A mesa estava bonita, quanto doce, quanta fita.
Papai, mamãe, que capricho!
Tinha trem e tinha bicho.
Tinha árvores na floresta,
Tinha bala, tinha bolo.
Tanta gente, quanta festa!
- Filma ele no fuscão.
O vovô tem que posar!
O maior carro do mundo!
Vem Guilherme , vem andar
Tá na hora, olha o bolo
Acende a vela, pra cantar.
- Parabéns! Viva! Viva!
É pique, é pique. É hora é hora
Acabou tudo vai embora.
Fiquei sozinho no vídeo, me vi na televisão.
Mamãe, papai, olha eu !
Estou andando no fuscão
A festa me faz sorrir
A música traz emoção!
Uma lágrima vem em meus olhos.
O que acontece comigo?
Não sei se corro perigo.
Mamãe, me abrace forte
Doeu aqui no meu peito.
Quero dizer o que sinto
Não consigo, não tem jeito!
- Fique calmo meu filhinho!
Um dia vais entender
A emoção do chorar
Do sorrir e do sofrer.
- Quanta vida ainda tem,
Quanto tempo pra viver.
Estes momentos gravados,
Ficarão no tempo guardados,
Para sempre renascer.
Guilherme (Porta voz) - 1988
CONCEPÇÃO
Vinte e nove de setembro.
Era domingo, eu me lembro.
Nuvens negras pelo céu.
Os olhos ardiam pelo sono perdido
Meu coração batia a ansiedade
O tempo se demorava
O relógio dormia o meu sono
Já se passava trinta minutos
Ninguém me dizia nada
Três e meia, quatro horas
Ainda não era tempo
A dilatação não servia
Dilata, dilata. Batia meu coração
Subi correndo as escadas
Postei em frente da porta
Mas ela não se abria
Abre, abre , batia meu coração
O tempo passou ligeiro
Corre moço, o uniforme
Pode me acompanhar?
Troque a roupa, vem pra cá
Tá na mesa, na cadeira
Sei lá
Move o tempo, move tudo
As pessoas se movimentam
Movem também os músculos
Se dilatam: contração
O rosto dela ardia
Eu sentia, eu sentia
Travava os dentes de dor
Vendo-me deu um sorriso
Um sorriso de lágrimas
Move os músculos, se contrai
De repente a emoção
Uma vida se levanta,
Uma lágrima vai ao chão
Ele é lindo e saudável
É o nosso filho, o nosso varão
Paulo Carvalho de Freitas - 1986
NOSSA HISTÓRIA
Querida:
No labor da vida, o cotidiano
No principio final de uma brincadeira
A teus laços amarrei meus planos
Ganhei emoções de fato verdadeiras
A todo o momento que na vida penso
Nas vitórias das lutas que venço
O teu semblante reflete no espelho
Ao meu lado estarás para sempre
Da nossa cultura a fértil semente
Do carroção da vida o melhor parelho
Fostes feita para seguir comigo o caminho
Colhendo rosas ou eliminando os espinhos
Na estrada da vida do nosso tempo
De mãos dadas a transpassar barreiras
A subir montanhas e descer ladeiras
Indicando a direção do nosso vento
Nas sangrentas lutas que duplicou momentos
No fim do principio desta nossa história
A força interior que suplantou tormentos
Foram os motivos da nossa vitória
Paulo Carvalho de Freitas - 1985
TRIBUTO MATERNO
Satisfeito, do dia perfeito
Vou pro leito
Recosto o peito, com muito jeito
Pra descansar
Carente, impaciente
Um inocente
Pede um presente: leite quente
Pro seu ninar
Desperta, na hora certa
Levanta a coberta
Noite deserta, de porta aberta
Pro choro entrar
Ela caminha, sozinha
E uma carinha
Se aninha, abre a boquinha
Para mamar
Agora, a feliz senhora
Que o filho ancora
Seu sonho aflora, tem sempre estória
Pra lhe contar
Rodrigo, filho amigo
Eu lhe digo
Estou contigo e não há perigo
Pra se assustar
Tranquilo, solta o mamilo
No seu cochilo
Volta ao asilo, mãe e filho
Pra descansar
Escuto, vendo o seu vulto
Passos ocultos
Bendito é o fruto, o grande tributo
Do nosso lar
Por: Paulo Carvalho de Freitas – 1990
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