... E O HOMEM CRIOU DEUS!

Um dia a paz reinava no mundo e tudo era belo e silencioso.



Deus criou o homem e ficou feliz.

Ele com a sua sabedoria, encantou as florestas com os pássaros para entoar nossos ouvidos com suas melodias; vislumbrou as montanhas com rios e cachoeiras para encantar nossos olhos; acendeu o sol com a sua luz de energia para regenerar a vida; soprou a brisa para acalentar a luz do sol. E a natureza respondeu produzindo alimentos.




E o homem criou Deus.

Um Deus que avança na ambição, que recolhe dinheiro em sacolas, que desmata, queima, aprisiona.

Um Deus que grita, estanca, polui, que mata.



Onde está o verdadeiro Deus?

O Deus que me deixa pegar frutas no cerrado, observar os pássaros da florestas, os animais nos pampas.
Comer jatobá, macaúba, mangaba, barú, ananais, pequi, araticum e gabiroba.

Saborear amoras colhidas na ribanceira, os veludos e azedinhas nos grotões da mantiqueira.



Eu quero o meu Deus de volta. Ele sim é capaz de transformar a sua propria criação para inverter o invertido, e fazer para mim um mundo mais divertido. Com pessoas que sorri, que conta história, que pula e se emociona.



Eu quero de volta o meu Deus...


Paulo Freitas/2010





quinta-feira, 3 de janeiro de 2013

GENTILEZAS NO TRÂNSITO



Procurando vaga pelo estacionamento de um Shopping em Campinas, encontramos um casal que estava de saída com seu veículo e resolvemos parar para aguardar a vaga que iria com certeza ser disponibilizada.
Minutos depois parou atrás de nós, um veículo que também procurava uma vaga para seu carro e também ficou à espera. Ao perceber que o nosso carro atrapalharia a manobra do veículo que saía, engatei marcha ré e solicitei ao veículo de trás que fizesse o mesmo para liberar a passagem para o ocupante da vaga, o que não foi atendido.
Após esta conduta do motorista, resolvi adiantar o carro por alguns metros e assim entrar de ré na vaga, liberando a manobra para o veículo retirante. Quando a vaga foi liberada, e ao iniciar a entrada no espaço, o veículo que estava parado atrás, numa manobra rápida e deseducada, adentrou na vaga com um movimento brusco, quase que abalroando o nosso para choque.
- Que sem educação! Gritei.  – Que falta de respeito! - emendou a Beatriz. Vou anotar a placa deste sujeito e denunciá-lo...
A minha vontade era de sair do carro e falar umas boas verdades para aquele elemento desclassificado, mas me contive e após respirar três vezes, concluí:
- Melhor não, deixe quieto. Vamos embora procurar outra vaga. Temos muitas chances ainda de encontrar um espaço neste estacionamento.
Após algumas voltas sem sucesso, já íamos desistir da área coberta, quando um casal de meia idade chamou a nossa atenção, dizendo:
- Eu vi o que aconteceu com o senhor! Tem que ter muita calma e sangue frio para não tomar uma atitude enérgica com o “cidadão”. Quase que eu saio nos tapas com o rapaz por sua causa. O senhor merece o meu respeito e este mal educado a minha resignação.
- Estou esperando o senhor passar por aqui ha cinco minutos, pois eu vou sair e quero que o senhor ocupe a minha vaga. Vou ficar lhe esperando e só sairei quando o seu carro estiver estacionado.
E assim foi. Uma pessoa, que não sei o nome, pediu para sua esposa tirar o carro da vaga e ficou de pé no meio do estacionamento me ajudando a manobrar o carro para entrar na vaga que havia a pouco desocupado.
Após ter me ajudado a estacionar, o benfeitor olhou para mim e disse:
- Até logo, boas compras , feliz Natal e Próximo ano novo. E seguiu para o seu carro, que estava logo em frente.
Não deu tempo para agradecer nem de desejar boa sorte, mas deu tempo sim para formar minha opinião sobre sua personalidade, sua criação e seu respeito pelo ser humano.
Só os bons se indignam pelo avesso do que é correto. Se todos se indignasse com as maldades e a insensatez, com certeza seriam menores as violências e os infortúnios.
Tive a sorte de conhecer uma pessoa boa neste final de ano. E onde    quer que ele esteja, e o nome que possui, vou sempre me lembrar de sua disponibilidade e compartilhamento despojado de qualquer orgulho, no meio do estacionamento do shopping me ajudando, uma pessoa que nem sequer sabia o nome.
Bravo! Bravo! Bravíssimo!

Janeiro 2013

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