Procurando vaga pelo estacionamento de um Shopping em Campinas,
encontramos um casal que estava de saída com seu veículo e resolvemos parar
para aguardar a vaga que iria com certeza ser disponibilizada.
Minutos depois parou atrás de nós, um veículo que também procurava uma
vaga para seu carro e também ficou à espera. Ao perceber que o nosso carro
atrapalharia a manobra do veículo que saía, engatei marcha ré e solicitei ao
veículo de trás que fizesse o mesmo para liberar a passagem para o ocupante da
vaga, o que não foi atendido.
Após esta conduta do motorista, resolvi adiantar o carro por alguns
metros e assim entrar de ré na vaga, liberando a manobra para o veículo
retirante. Quando a vaga foi liberada, e ao iniciar a entrada no espaço, o
veículo que estava parado atrás, numa manobra rápida e deseducada, adentrou na
vaga com um movimento brusco, quase que abalroando o nosso para choque.
- Que sem educação! Gritei. –
Que falta de respeito! - emendou a Beatriz. Vou anotar a placa deste sujeito e denunciá-lo...
A minha vontade era de sair do carro e falar umas boas verdades para
aquele elemento desclassificado, mas me contive e após respirar três vezes,
concluí:
- Melhor não, deixe quieto. Vamos embora procurar outra vaga. Temos
muitas chances ainda de encontrar um espaço neste estacionamento.
Após algumas voltas sem sucesso, já íamos desistir da área coberta,
quando um casal de meia idade chamou a nossa atenção, dizendo:
- Eu vi o que aconteceu com o senhor! Tem que ter muita calma e sangue
frio para não tomar uma atitude enérgica com o “cidadão”. Quase que eu saio nos
tapas com o rapaz por sua causa. O senhor merece o meu respeito e este mal
educado a minha resignação.
- Estou esperando o senhor passar por aqui ha cinco minutos, pois eu
vou sair e quero que o senhor ocupe a minha vaga. Vou ficar lhe esperando e só
sairei quando o seu carro estiver estacionado.
E assim foi. Uma pessoa, que não sei o nome, pediu para sua esposa
tirar o carro da vaga e ficou de pé no meio do estacionamento me ajudando a
manobrar o carro para entrar na vaga que havia a pouco desocupado.
Após ter me ajudado a estacionar, o benfeitor olhou para mim e disse:
- Até logo, boas compras , feliz Natal e Próximo ano novo. E seguiu
para o seu carro, que estava logo em frente.
Não deu tempo para agradecer nem de desejar boa sorte, mas deu tempo sim
para formar minha opinião sobre sua personalidade, sua criação e seu respeito
pelo ser humano.
Só os bons se indignam pelo avesso do que é correto. Se todos se
indignasse com as maldades e a insensatez, com certeza seriam menores as
violências e os infortúnios.
Tive a sorte de conhecer uma pessoa boa neste final de ano. E onde quer que ele esteja, e o nome que possui, vou
sempre me lembrar de sua disponibilidade e compartilhamento despojado de
qualquer orgulho, no meio do estacionamento do shopping me ajudando, uma pessoa
que nem sequer sabia o nome.
Bravo! Bravo! Bravíssimo!
Janeiro 2013