... E O HOMEM CRIOU DEUS!

Um dia a paz reinava no mundo e tudo era belo e silencioso.



Deus criou o homem e ficou feliz.

Ele com a sua sabedoria, encantou as florestas com os pássaros para entoar nossos ouvidos com suas melodias; vislumbrou as montanhas com rios e cachoeiras para encantar nossos olhos; acendeu o sol com a sua luz de energia para regenerar a vida; soprou a brisa para acalentar a luz do sol. E a natureza respondeu produzindo alimentos.




E o homem criou Deus.

Um Deus que avança na ambição, que recolhe dinheiro em sacolas, que desmata, queima, aprisiona.

Um Deus que grita, estanca, polui, que mata.



Onde está o verdadeiro Deus?

O Deus que me deixa pegar frutas no cerrado, observar os pássaros da florestas, os animais nos pampas.
Comer jatobá, macaúba, mangaba, barú, ananais, pequi, araticum e gabiroba.

Saborear amoras colhidas na ribanceira, os veludos e azedinhas nos grotões da mantiqueira.



Eu quero o meu Deus de volta. Ele sim é capaz de transformar a sua propria criação para inverter o invertido, e fazer para mim um mundo mais divertido. Com pessoas que sorri, que conta história, que pula e se emociona.



Eu quero de volta o meu Deus...


Paulo Freitas/2010





domingo, 5 de maio de 2013

ESCOTISMO: DIA DE ACAMPAMENTO


Oito horas da manhã e os jovens começam a chegar ao local do acampamento. Mochila nas costas, sorriso no rosto, ansiedade no coração.
No horizonte o sol tenta se mostrar entre as nuvens que ainda persistem em atrapalhar o sonho de um dia bonito e cheio de aventuras.
Um coral de insetos ainda é ouvido entre as folhas de dos eucaliptos e a grama rasteira que margeia o alambrado do campo reservado para montagem das barracas. Um pássaro de peito amarelo e topete vermelho vem se assentar no galho do pinheiro que se coloca inclinado mostrando a resistência de suas raízes apesar dos vendavais que assolam o seu tronco nos verões e outonos de chuvas fortes. Será um pica-pau? Não deu tempo para verificar, outros da mesma espécie chegam e o bando levanta vôo e se movimentas para outras árvores do derredor.
Alguém passa com as bandeiras nos braços, e uma fila de meninos uniformizados se coloca à disposição para ajudar na colocação das bandeiras nas adriças para hasteamento.
O sol se fez presente, ainda um pouco tímido, mas com jeito imponente pronto para por em jornada as nuvens que rondam o céu.
Três apitos se ouvem como um grande chamado. Vai iniciar a brincadeira com a seriedade de um modelo patriota de formação de caráter. Com a formação quase militar, os meninos e meninas se colocam em fila indiana em movimentos de braços e bastonetes e com palavras de ordem que são proferidas num tom alto e determinado:
- Patrulha, cobrir. Monitor, patrulha pronta. O grito!
- Chefe, Patrulha Andorinha se apresentando.
- Descansar...
A cerimônia de hasteamento das bandeiras é simples, mas de muito respeito.
- Hoje é a meio mastro, estamos de luto oficial.
- Em saudação às bandeiras, hastia!
Sob os olhares silenciosos do grupo, as bandeiras deslizam até o topo do mastro e descem em posição.
- Descansar!
Muita energia exala de cada jovem. A vontade de fazer as atividades do dia propõe a cada um uma sequência de ações que é orquestrada por uma disciplina conquistada ao tom de pequenas ações. O trabalho em grupo é a principal ferramenta de trabalho dos monitores e chefes.
Barracas, cozinha, portais, pioneirias, de repente o terreno vermelho de terra batida ganha cores e movimentos de vida. Sisais e bambus se transformam em cercas, mesas, e muitos objetos de uso coletivo. Estruturas amarradas viram espaços cobertos com grandes lonas prontas para montagem das cozinhas e intendências.
Com a utilização de conhecimentos adquiridos no adestramento de cada especialidade, os jovens se tornam capazes de fazer coisas básicas como cozinhar alimentos básicos, prestar socorro, utilizar ferramentas de mão, orientação através de bússola e sinais naturais, reconhecer insetos e animais silvestres bem como os bichos peçonhentos da natureza.
Diversão e jogos intercalam as cobranças de atitudes e o peso da aprendizagem fica ameno.
Após o jantar, os esquetes do fogo de conselho sugerem uma dinâmica própria de desencantamento e desinibição induzindo ao drama, histórias do cotidiano e mensagens ligadas ao tema escolhido vão sendo contadas de forma cômica e divertida fazendo sorrisos e gargalhadas brotarem nos rostos avermelhados dos jovens expostos ao calor da fogueira que dançam em labaredas orquestradas pelo vento.
O equilíbrio pondera os erros, a técnica de aprender fazendo, conquista segurança no trabalho a ser feito, como nas decisões a serem tomadas. O respeito ao individuo e os valores inerentes a cada etapa da formação da personalidade, vão sendo inseridos no pequeno cidadão de forma simples e sem traumas.
A previsão de chuva acelerou o processo de desmontagem das barracas. Alguns reclamam o final da atividade outros reclamam a saudade de casa, mas enfim todos se orgulham da soma dos pontos conquistados nas diversas inspeções e apresentações das patrulhas.
Ao toque de três apitos é traçado mais um final.
 As condecorações entregues emocionam aos jovens e aos pais. As conquistas são como troféus dispostas no uniforme a representar uma caminhada passo a passo nas trilhas de Badden Powell.
- Chefe Patrulha pronta.
- Arrear a bandeira.
- Descansar
- Debandar
O caminho de casa é a busca de ao banho de ducha e ao chocolate quente preparado com carinho pela mamãe. Mas ficarão presentes em suas memórias estes momentos com certeza serão contados ou escritos como histórias em algum lugar do futuro.
Jovens: de malas prontas para viajar em busca do comando do mundo.
Escoteiros: um bilhete comprado e marcado para seguir nas alegrias de muitas aventuras e fechar com a responsabilidade de preservar o que resta da natureza.


Paulo Freitas
14/04/2011

sexta-feira, 25 de janeiro de 2013

VIDA DIVIDIDA

Vida dividida, indefinida
Pões os pés rotos na estrada esburacada
Este caminho que se fecha,  como uma paisagem na miragem.

Vida dividida, indefinida.
Caminhas lentamente, sem destino em desatino
Carregas nos ombros peso imenso da massa dessa carcaça.

Vida dividida, indefinida.
Não se explica o efeito, se tudo foi feito direito
Na sobriedade de pensamentos, isento de sentimentos.

Vida definida, dividida.
Entre o amor sem cobranças, e o ódio das lembranças
Mágoas de vivência interrompida, choro e lágrimas contidas.

Vida cumprida, definida.
Encontre motivação, em cada ação e o amor em cada coração
Virtudes em tempo de crescimento, sorrisos em cada momento.

Definida a vida já cumprida.
Conquistastes  uma nova estrada, planejada
Novos sonhos de recomeço, uma nova vida sem tropeços.

Paulo Freitas
Dez/2011

A MAGIA DE UM ABRAÇO

Um cachorrinho perdido, com seu corpinho ferido,
Geme a dor do maltrato de  um povo insensato,
Treme pedindo o calor, e um pouquinho de amor,
De um abraço imediato.

Se uma criança recém-nascida, totalmente desprotegida.
Com seu corpo pequenino, tão frágil e tão franzino,
Pede no olhar um carinho, num abraço apertadinho,
Como um afago divino.

Se uma criança abandonada, sem destino sem morada,
Que suas dores atenuam, dormindo em becos da rua.
Traz dentro do  seu regaço, o desejo de um  abraço,
Para cobrir a vida nua.

Se uma idosa está sozinha, pensativa tão quietinha.
De repente em um sorriso, tão sincero, tão conciso
Solicita um grande abraço, sorridente erguendo os braços,
Como sinal de aviso.

Se uma alma deprimida, magoada e  ressentida
Um coração com muita dor em sua vida sem valor,
Pede um abraço, ombro amigo, para lhe servir de abrigo
O desabafo de amor.

Esta força que os anima, que emana como num imã,
Incorporando  energia, quando a corrente desvia,
Tornando o fluxo  escasso. Somente  a força do abraço,
A repõe como magia.

Paulo Freitas
10/05/2011

quinta-feira, 3 de janeiro de 2013

GENTILEZAS NO TRÂNSITO



Procurando vaga pelo estacionamento de um Shopping em Campinas, encontramos um casal que estava de saída com seu veículo e resolvemos parar para aguardar a vaga que iria com certeza ser disponibilizada.
Minutos depois parou atrás de nós, um veículo que também procurava uma vaga para seu carro e também ficou à espera. Ao perceber que o nosso carro atrapalharia a manobra do veículo que saía, engatei marcha ré e solicitei ao veículo de trás que fizesse o mesmo para liberar a passagem para o ocupante da vaga, o que não foi atendido.
Após esta conduta do motorista, resolvi adiantar o carro por alguns metros e assim entrar de ré na vaga, liberando a manobra para o veículo retirante. Quando a vaga foi liberada, e ao iniciar a entrada no espaço, o veículo que estava parado atrás, numa manobra rápida e deseducada, adentrou na vaga com um movimento brusco, quase que abalroando o nosso para choque.
- Que sem educação! Gritei.  – Que falta de respeito! - emendou a Beatriz. Vou anotar a placa deste sujeito e denunciá-lo...
A minha vontade era de sair do carro e falar umas boas verdades para aquele elemento desclassificado, mas me contive e após respirar três vezes, concluí:
- Melhor não, deixe quieto. Vamos embora procurar outra vaga. Temos muitas chances ainda de encontrar um espaço neste estacionamento.
Após algumas voltas sem sucesso, já íamos desistir da área coberta, quando um casal de meia idade chamou a nossa atenção, dizendo:
- Eu vi o que aconteceu com o senhor! Tem que ter muita calma e sangue frio para não tomar uma atitude enérgica com o “cidadão”. Quase que eu saio nos tapas com o rapaz por sua causa. O senhor merece o meu respeito e este mal educado a minha resignação.
- Estou esperando o senhor passar por aqui ha cinco minutos, pois eu vou sair e quero que o senhor ocupe a minha vaga. Vou ficar lhe esperando e só sairei quando o seu carro estiver estacionado.
E assim foi. Uma pessoa, que não sei o nome, pediu para sua esposa tirar o carro da vaga e ficou de pé no meio do estacionamento me ajudando a manobrar o carro para entrar na vaga que havia a pouco desocupado.
Após ter me ajudado a estacionar, o benfeitor olhou para mim e disse:
- Até logo, boas compras , feliz Natal e Próximo ano novo. E seguiu para o seu carro, que estava logo em frente.
Não deu tempo para agradecer nem de desejar boa sorte, mas deu tempo sim para formar minha opinião sobre sua personalidade, sua criação e seu respeito pelo ser humano.
Só os bons se indignam pelo avesso do que é correto. Se todos se indignasse com as maldades e a insensatez, com certeza seriam menores as violências e os infortúnios.
Tive a sorte de conhecer uma pessoa boa neste final de ano. E onde    quer que ele esteja, e o nome que possui, vou sempre me lembrar de sua disponibilidade e compartilhamento despojado de qualquer orgulho, no meio do estacionamento do shopping me ajudando, uma pessoa que nem sequer sabia o nome.
Bravo! Bravo! Bravíssimo!

Janeiro 2013