... E O HOMEM CRIOU DEUS!
Um dia a paz reinava no mundo e tudo era belo e silencioso.
Deus criou o homem e ficou feliz.
Ele com a sua sabedoria, encantou as florestas com os pássaros para entoar nossos ouvidos com suas melodias; vislumbrou as montanhas com rios e cachoeiras para encantar nossos olhos; acendeu o sol com a sua luz de energia para regenerar a vida; soprou a brisa para acalentar a luz do sol. E a natureza respondeu produzindo alimentos.
E o homem criou Deus.
Um Deus que avança na ambição, que recolhe dinheiro em sacolas, que desmata, queima, aprisiona.
Um Deus que grita, estanca, polui, que mata.
Onde está o verdadeiro Deus?
O Deus que me deixa pegar frutas no cerrado, observar os pássaros da florestas, os animais nos pampas. Comer jatobá, macaúba, mangaba, barú, ananais, pequi, araticum e gabiroba.
Saborear amoras colhidas na ribanceira, os veludos e azedinhas nos grotões da mantiqueira.
Eu quero o meu Deus de volta. Ele sim é capaz de transformar a sua propria criação para inverter o invertido, e fazer para mim um mundo mais divertido. Com pessoas que sorri, que conta história, que pula e se emociona.
Eu quero de volta o meu Deus...
Deus criou o homem e ficou feliz.
Ele com a sua sabedoria, encantou as florestas com os pássaros para entoar nossos ouvidos com suas melodias; vislumbrou as montanhas com rios e cachoeiras para encantar nossos olhos; acendeu o sol com a sua luz de energia para regenerar a vida; soprou a brisa para acalentar a luz do sol. E a natureza respondeu produzindo alimentos.
E o homem criou Deus.
Um Deus que avança na ambição, que recolhe dinheiro em sacolas, que desmata, queima, aprisiona.
Um Deus que grita, estanca, polui, que mata.
Onde está o verdadeiro Deus?
O Deus que me deixa pegar frutas no cerrado, observar os pássaros da florestas, os animais nos pampas. Comer jatobá, macaúba, mangaba, barú, ananais, pequi, araticum e gabiroba.
Saborear amoras colhidas na ribanceira, os veludos e azedinhas nos grotões da mantiqueira.
Eu quero o meu Deus de volta. Ele sim é capaz de transformar a sua propria criação para inverter o invertido, e fazer para mim um mundo mais divertido. Com pessoas que sorri, que conta história, que pula e se emociona.
Eu quero de volta o meu Deus...
Paulo Freitas/2010
quinta-feira, 25 de novembro de 2010
BENÇA, MAMÃE
O portão se abriu e ela veio sorridente me receber. Um abraço gostoso de amor verdadeiro, de paz, de alegria, de satisfação.
Bença, mamãe!
Deus te abençoe, Paulinho. Deus abençoe você por ter vindo me ver.
Um beijo na minha face sacudiu as minhas emoções. Já fazia mais de quinze dias que eu não via a minha querida mãe. O meu coração chorou mais ainda quando sentou-se do meu lado, apanhou a minha mão e perguntou:
- Você está bem? Estou preocupado com a sua saúde. Você está fazendo o regime que o médico pediu?
Fiquei com vontade de perguntar sobre a saúde dela, mas não perguntei, apenas respondi efusivamente às suas perguntas, como se a minha saúde era tudo de mais importante no mundo.
De repente me senti pegado no colo. Ela me abraçou, me falou da vida, da perseverança, das minhas doenças infantis e da minha adolescência.
Deitei no seu colo e com lágrimas nos olhos falei das minhas fraquezas, dos meus medos, da minha incoerência e da minha incompetência de amar a vida na plenitude. Ela me afagou.
O seu afago me tornou criança. Fechei os olhos ainda molhado e lembrei-me da sua proteção quando na minha timidez me escondia do mundo e da realidade. Vi-me ainda descalço pisando num caco de vidro e a busca desesperada do pó de café para estancar o sangue que não parava de jorrar. Nos primeiros dias de aulas, o carinho com que penteava meus cabelos para que eu ficasse “mais bonito”. O caldeirão de comida e o embornal azul que entregava em minhas mãos, prontos para o caminho da escola. Vi-me na adolescência tomando atitudes contra a vontade do meu pai e ela me apoiando incondicionalmente. Vi-me moço, chegando da faculdade tarde da noite e encontrando em cima do fogão o prato pronto do meu jantar. Vi-me homem, já formado, anunciando o meu casamento. Senti a separação naquele momento.
Abri os olhos de sobressalto, olhei em seu rosto e vi no seu semblante o peso da velhice dos seus quase oitenta anos. Levantei-me do seu colo, abracei-a muito apertado e disse-lhe olhando nos olhos:
- Mamãe eu te amo muito.
Ela chorou. Um choro contido de alegria. Levantou-se, foi até a cozinha, enxugou os olhos e me convidou:
- Vem pra cá Paulinho. Vou fazer um café prá nóis...
- Esfreguei os olhos com as costas da mão direita e fui sentar-me na cozinha enquanto do fogão exalava o cheiro gostoso do café fresco.
Ela serviu o café com um naco de biscoito de polvilho e um queijo meia cura. Conversamos ainda por meia hora. Um forte abraço e um beijo selou a despedida.
- Tchau! Bença mamãe. Eu te amo muito.
- Tchau, me filho. Deus te abençoe. Eu também te amo muito.
Paulo Freitas
Nov/2010
quinta-feira, 18 de novembro de 2010
ENCONTRO DE GERAÇÕES
Um vazio de silencio ecoa nos ruídos dos palavreados e a voz miúda do anfitrião cambia simples e tímida na intenção de agradecer tamanha homenagem ora prestada ao sexagésimo aniversário de vivencia.
Os olhos úmidos pela sinceridade das palavras causaram emoção nos corações dos fraternos presentes que num desabafo replicou uma grande salva de palmas.
O segundo de seis filhos de um casal de sertanejos, ele ainda traz nas palavras os sotaques e trejeitos do jeitão de caipira que muito o orgulha. Amante da música sertaneja raiz e das danças típicas como o catira e a chula, busca a alegria de viver em toadas que o seguiram pela infância afora e o conduziram em caminhos de caráter e retidão.
Lembra-se com muito orgulho, das responsabilidades de trabalho designadas pelo pai na lida do café e das hortaliças que fora os dois grandes esteios da manutenção e da fartura da família.
Recorda-se com tenacidade de grande auto-estima dos momentos em que, na ausência do pai, tomara atitudes de liderança na posição de filho mais velho, como no momento de mudança radical dos rumos da família, quando ao término do contrato da cultura do café, foram obrigados a tomar o caminho da cidade para buscar a sobrevivência em tempos de êxodo rural. Com dezenove anos incompletos, formação escolar primária e uma vivencia apenas rural, foi titulado pelo pai como ator principal de teatro de ações que começara na entrega do sitio, a venda dos animais e até a viagem levando a família em definitivo para morar em Campinas.
Moço de linhagem simples e cultura sem privilégios aprendeu com o pai que o trabalho é tudo para o homem, que o caráter, o respeito e a responsabilidade permeia o palco de qualquer relação, e que o pódio de cada conquista depende da determinação e da confiança com que se encara o jogo.
No acúmulo de troféus e vitórias, enumera-se grandes eventos importantes como a escolha da grande companheira que trilhou e direcionou os caminhos da vida a dois; o nascimento das duas filhas que enfeitaram, movimentaram e deram sobrevida ao casamento dos dois que fora traçado e escrito nas estrelas. Outros momentos a enumerar foi o nascimento dos netos, que entre os reveses, encontros e desencontros, foram recebidos dentro de lares cheios de amor e harmonia e com o compartilhamento e humildade conquistaram a educação e a disciplina que precede o exemplo e o modelo dos pais.
Campinas foi o palco deste grande encontro. Presentes a matriarca, todos os irmãos, filhas, genros, netos, sobrinhos, cunhados, primos e amigos. Este reencontro de família foi infinitamente lindo e marcante para todos, pois lembra momentos de alegria quando ainda tinha viva a presença do pai entre todos. Lembra também o desencontro, quando foi preciso deixar os fraternos em Campinas e buscar em Fernandópolis a independência financeira.
A grande distancia da família raiz por quase vinte anos veiculou a necessidade de atitudes de vida que engrandeceram as experiências, elevaram as motivações e criaram novas histórias, pitorescas ou não, mas que deverão ser contadas nas prosas do cotidiano e nos teatros familiares onde as platéias com certeza serão de netos e bisnetos e estarão atentos aos detalhes das lembranças e aos cabelos brancos que hão de povoar a sua cabeça, o disco rígido armazenador de memórias, onde hoje com certeza ainda sobram espaços e muitos gigabytes para preencher.
segunda-feira, 8 de novembro de 2010
O VEGETAL E A VIDA
O nosso cérebro, comandante geral do nosso corpo, tem uma memória complexa que guarda informações de todas as funções do nosso organismo, tanto digestivo, circulatório, respiratório, nervoso, muscular, urinário, ósseo e reprodutor.
O sistema nervoso é mais complexo de todos, pois ele em parceria com o cérebro, segue desencadeando inúmeras funções. Veja o caso das drogas e dos vícios, por exemplo, o dependente fica desesperado e faz coisas sem noção como roubar, matar e outros enguiços ilegais, e se tentar deixar o vício, o corpo não suporta a síndrome da abstinência entrando em estado de pânico.
Mas tem também o sistema endócrino, responsável pela produção de hormônios, que com uma precisão medonha, informa o sistema nervoso das coisas que acontecem por fora do corpo. Nesta equipe de órgãos trabalham o pâncreas, a hipófise, o hipotálamo, a pineal, a tiróide, a medula óssea e outros tantos que juntos determinam se o dono do corpo cuida bem dele ou não.
Eu passei a vida toda achando que cuidar bem do corpo era tomar banho diariamente, comer bem e bastante, repousar, escovar os dentes e cortar as unhas. Esqueci-me, por exemplo, de fazer atividades físicas com regularidade, escolher bem os alimentos consumidos e respeitar os excessos não permitidos.
Hoje, depois de uma cirurgia radical e ter passado quarenta dias sem alimentação sólida, descobri que o meu pâncreas não está mais em harmonia com o sistema nervoso e não está produzindo as insulinas suficientes para o bom desempenho do sistema digestivo, o que é necessário para produção das energias vitais do meu corpo. E isto foi de repente. Comecei a perder peso muito rapidamente e fiquei preocupado. Procurei um especialista no assunto, o endocrinologista, que me orientou:
- Dieta radical, meu companheiro! Ou você controla a sua alimentação de carboidratos ou vai sofrer conseqüências terríveis que o diabetes provoca no seu sistema vital. Uma das conseqüências mais comum é a cegueira.
- Deus me livre, pensei. – Quero enxergar a vida em cores e não a escuridão.
O médico informou-me de um site na internet onde existe um manual de alimentação e uma relação de carboidratos que compõem cada alimento. Na linguagem técnica, carboidratos quer dizer açúcar e este é o vilão da nossa vida. A dieta que o médico me passou nada mais é do que a alimentação saudável sem muitos açúcares, que todos deveriam seguir desde a infância.
Olhei cada alimento, de A a Z, e descobri que somente os alimentos naturais não são prejudiciais à saúde. As carnes, o peixe e o leite e seus derivados, se consumidos com devidos critérios, também devem fazer parte da alimentação balanceada.
Nesta lista de alimentos sem carboidratos, glicose ou sacarose, descobri os alimentos amigos, os nossos super heróis: eles mesmos, os vegetais. Eles são necessários para a vida e devem ser nossos companheiros. Alem de não conter carboidratos em excesso, também possuem fibras que regulam o bom desempenho da digestão.
Eu ouvia falar das pessoas que optavam pela alimentação somente de vegetais e ficava transtornado. Se o homem é considerado carnívoro, porque estas pessoas inventam esta história de alimentar-se diferentemente do padrão? E o churrasquinho de fim-de-semana, como é que fica?
Em minha opinião, não é necessário ser vegetariano nem naturalista para viver bem, é necessário sim escolher bem os alimentos e praticar atividades físicas. Você pode participar de uma churrasqueada e controlar a sua gula ingerindo juntamente com as carnes vermelhas, algumas carnes brancas, verduras e frutas.
Tenho um amigo de infância que teve uma vida sedentária trabalhando como motorista muitos anos e ficou diabético ainda muito novo (cerca de 35 anos), mas não teve nenhuma atitude alimentar ou física e com quarenta anos já tomava insulina. Hoje, alem da insulina, faz hemodiálise duas vezes por semana.
Aprendi um pouco tarde, mas ainda é tempo de controle, antes de ter que usar as insulinas sintéticas, quero controlar o diabetes com boa alimentação e sempre e dentro das possibilidades físicas, praticar algum esporte, pois, para que não terminemos nossa vida vegetando, devemos ser amigos do vegetal, porque são eles que vão nos proporcionar longevidade e saúde.
Paulo Freitas- Nov/2010.
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