... E O HOMEM CRIOU DEUS!

Um dia a paz reinava no mundo e tudo era belo e silencioso.



Deus criou o homem e ficou feliz.

Ele com a sua sabedoria, encantou as florestas com os pássaros para entoar nossos ouvidos com suas melodias; vislumbrou as montanhas com rios e cachoeiras para encantar nossos olhos; acendeu o sol com a sua luz de energia para regenerar a vida; soprou a brisa para acalentar a luz do sol. E a natureza respondeu produzindo alimentos.




E o homem criou Deus.

Um Deus que avança na ambição, que recolhe dinheiro em sacolas, que desmata, queima, aprisiona.

Um Deus que grita, estanca, polui, que mata.



Onde está o verdadeiro Deus?

O Deus que me deixa pegar frutas no cerrado, observar os pássaros da florestas, os animais nos pampas.
Comer jatobá, macaúba, mangaba, barú, ananais, pequi, araticum e gabiroba.

Saborear amoras colhidas na ribanceira, os veludos e azedinhas nos grotões da mantiqueira.



Eu quero o meu Deus de volta. Ele sim é capaz de transformar a sua propria criação para inverter o invertido, e fazer para mim um mundo mais divertido. Com pessoas que sorri, que conta história, que pula e se emociona.



Eu quero de volta o meu Deus...


Paulo Freitas/2010





terça-feira, 30 de junho de 2015

23 de junho de 2015

Meu nome é Guilherme de Arruda Carvalho Freitas, sou filho do Paulo, criador e escritor de tudo o que já foi publicado aqui neste blog. Após lutar muito para vencer uma doença implacável, meu pai descansou na última terça-feira, deixando um vazio muito grande nas nossas vidas e também na arte das palavras, da qual sempre foi admirador e executor.

Nunca conseguirei produzir algo semelhante ao que ele, em uso de toda a sua sensibilidade e história de vida, conseguiu escrever. Mas queria deixar aqui registrada a poesia que escrevi por ocasião desse momento difícil. Deixo meu humilde texto como a homenagem justa e simples que Paulo merece, um homem que gostava de poesias, de gente, de natureza e da vida.

Estas linhas dedico a minha mamãe Beatriz, uma guerreira incansável que nunca abandonou a esperança e fez de seu amor incondicional o combustível mais intenso para seguir caminhando mesmo diante de fardos pesados. Obrigado, Senhor, pela alegria de ser filho dessas duas pessoas maravilhosas!

Aproveito para convidar os seguidores deste blog para estarem conosco na missa de 7º dia que se realizará nesta quarta-feira, dia 01 de julho, às 20h, na igreja católica do Parque Santa Bárbara.


23 de Junho de 2015

Uma terça, que eu nunca esqueça
Foi nesse dia que você partiu
Com linhas sofridas, letras doídas
Quero falar do muito que você viu

A vida é curta se não vivemos
Se deixamos que ela se vá
Mas você, meu pai, todos sabemos
Teve da vida o que ela tinha pra dar

Nasceu na roça, Paulinho foi Neno
Cada aventura que eu escutava!
Lá em Dorcinópi, desde pequeno,
Aprender era tudo e ele estudava

Lutou muito para ter um bom futuro
Na imensa Campinas, precisou se virar
Não teve vaga em que não desse duro
Engraxate, guardinha, até militar!

Quando o amor veio, incerteza não havia
Com essa seria casamento
Tornou-se marido, esposo da Bia
Os dois filhos, cada um, em seu momento

Com Beatriz, garantiu a comida na mesa
Sempre se virando, sendo mais do que pai
Perueiro, diretor, secretário... Com certeza!
Trabalho é digno em qualquer lugar

Foi quando a doença, peça do destino
Veio de súbito um preço cobrar
Passou a rasteira, já não era aquele menino
Mas soube dela forças tirar

Anos mais tarde, condição piorando
Tudo que fazia, precisou deixar
O homem alegre, ativo, foi levando
Até que sozinho já não podia mais lutar

Minha mãe foi guerreira, força incrível!
Lembro daquele susto, ela o fez retornar
Ontem, mesmo diante do impossível
Ainda queria mais tempo lutar

Sim, Paulo venceu a doença!
O orgulho é muito, o quanto superou!
Sabe quando a emoção foi mais intensa?
Em meu casamento, foi muito forte, uma maratona ele andou

Obrigado por ser meu melhor amigo, meu grande companheiro
Por ensinar quase tudo que devia saber
No diploma, está escrito só engenheiro
Escoteiro, escritor, político, vicentino,
Esse é você!

Quando fui jovem, te amar era empecilho
Hoje, sem dúvida, posso a todos dizer:
Nas lembranças, histórias, na visão do filho
Não houve nada que você não pudesse ser

Te amo